A questão, discutida há anos, da remodelação da Casa do Povo para que tenha efectivas condições para a apresentação de espectáculos de vário tipo e para albergar as colectividades riachenses “sem casa própria” teve na última Assembleia de Freguesia um avanço que se espera que venha a dar frutos.
O Bloco de Esquerda apresentou um ‘pré-projecto’ de remodelação e requalificação do edifício que teve aprovação por unanimidade na Assembleia de Freguesia, documento que serve para apresentar à Câmara Municipal o que se pretende para o espaço e para servir de orientação à Junta no passo seguinte que assumiu: procura de financiamento para a obra.
Os aspectos principais passam pela ampliação da Casa do Povo, com a criação de novos espaços, a adaptação dos existentes e a modernização geral do equipamento.
O pré-projecto, apetrechado com desenhos técnicos de Joaquim Pereira e desenhos tridimensionais feitos por Joaquim Madeira, contempla a transformação do salão num auditório em anfiteatro com capacidade para cerca de 150 lugares. A ampliação do edifício tem a ver ainda com o principal objectivo desta alteração, permitindo a requalificação da divisão adjacente ao auditório (a arrecadação), transformando este espaço numa sala polivalente de ensaios, com cerca de 100 m2, área um pouco menor que o actual salão.
O primeiro andar seria basicamente duplicado, criando por cima dessa nova sala mais gabinetes. A área de palco também seria aumentada.
Segundo o BE, o “chefe” do Rancho Folclórico de Riachos, que é a entidade que mais utiliza a Casa do Povo com ensaios semanais, Joaquim Santana, aprova a mudança, atestando que a nova sala de ensaios proposta seria suficiente para o trabalho do rancho, que envolve nos ensaios umas dezenas de pessoas.
Além de novos lavabos, espaços de circulação e da dotação de sistemas de energia renovável (com o aproveitamento da energia solar), acrescenta-se a necessária adaptação de todo o espaço para o tornar numa moderna casa de espectáculos, designadamente o isolamento acústico, climatização, isolamento de luz exterior, teia de palco, sistema de iluminação, sistema de som, sistema de projecção de vídeo, sistema de acomodação do público, aumento da área do palco, entrada e saída de equipamento de palco, entrada e saída de artistas e bastidores. O balcão também seria apetrechado com cadeiras e com uma nova cabine de projecção.
A actual Casa do Povo não tem condições nenhumas
Maria Jeromito, eleita pelo BE, membro da associação cultural Paralelo 39 e estreante nas andanças da política, disse ter conhecimento de causa ao referir que a falta de um equipamento cultural com as devidas condições é um entrave ao aumento da oferta cultural em Riachos, sendo que, nomeadamente concertos e peças de teatro, têm sempre renitência em aceitar actuações na Casa do Povo pela falta de condições da sala. Os choques eléctricos, por exemplo, são uma constante e qualquer artista que sobe ao palco da Casa do Povo já sabe que os vai apanhar. Jeromito referiu ainda que as intervenções mais urgentes são o sistema eléctrico, os camarins e o aquecimento da água.
Já Joaquim Madeira disse que o projecto foi feito para dar umas linhas gerais a um projecto essencial para a remodelação da Casa do Povo, que a Junta pode assumir na abordagem à Câmara e na procura de financiamento comparticipado através de fundos europeus. “Não podemos pensar que somos pobrezinhos e que não temos dinheiro. Temos é que pensar mais e melhor, o que falta nesta terra é ambição”.
O documento refere ainda a sugestão de, depois de feita a remodelação, ser criado um fundo para as despesas de manutenção, financiado com 20% das receitas de bilheteira de todos os futuros espectáculos.
José Júlio Ferreira, que na sua tomada de posse elencou a remodelação da Casa do Povo como uma das prioridades para o seu tempo enquanto presidente da Junta, mostrou convergência quanto ao projecto, que qualificou de “excelente” e apenas ditou que, depois de aprovado o projecto, segue-se a sua quantificação. Ninguém se atreveu a sugerir um valor para esta obra, mas José Júlio referiu que existem pessoas e empresas capazes de pegar neste projecto e procurar financiamento comunitário e que é à procura deles que a Junta vai de seguida. A comparticipação local terá que ser da responsabilidade da Câmara, “que já nos deve isto há muito tempo”.
Independentemente de o processo chegar a ‘bom porto’ ou não, a Junta anunciou que vai já proceder a melhoramentos urgentes na Casa do Povo e destinar à causa 35 mil euros do seu orçamento dos próximos dois anos: 15 mil já em 2016 (o orçamento deve ser apresentado na Assembleia no dia 29 de Dezembro) e 20 mil em 2017. A primeira intervenção urgente passa pela substituição do sistema eléctrico, orçamentada em cerca de 7 mil euros e programada para o ano que vem.