A questão da degradação da principal infra-estrutura desportiva de Riachos já não é nova. Ouvem-se frequentemente queixas entre os utilizadores e, no seio da Assembleia de Freguesia, o assunto é puxado recorrentemente por Carlos Duarte, eleito pela CDU. A Junta de Freguesia informa que nunca recebeu qualquer queixa relativa aos problemas de manutenção do pavilhão, que são da responsabilidade da Câmara, e investe na sensibilização do poder municipal para a conclusão do projecto que ficou a meio.
Na sessão da Assembleia do passado dia 30 de Setembro, o assunto foi pela primeira vez amplamente discutido (estava na ordem de trabalhos). Alguns dos problemas foram descritos: cerca de 50% das lâmpadas estão fundidas, há infiltrações graves nas paredes (em especial a do lado inacabado, que tem o tijolo à mostra), chove no átrio das bancadas, o piso de jogo está levantado em muitos pontos, o que constitui “um perigo para os atletas”, as portas dos balneários estão avariadas (um já não tem porta), uma das duas caldeiras está avariada.
Carlos Duarte referiu também que as pinturas recentes no exterior foram feitas apenas graças à boa vontade de alguns funcionários, e que nunca foi intenção da Turrisespaços fazê-lo. Carina Fernandes, também da CDU, testemunhou que há torneiras a correr água há muitos meses e Paulo Inácio, eleito pelo PS, corroborou a necessidade de intervenção da Assembleia de Freguesia, dizendo que o perigo de o pavilhão ser encerrado por causa dos seus problemas é real.
Apesar de todos os estragos do pavilhão serem do conhecimento dos técnicos da Câmara, o que O RIACHENSE comprovou, a Assembleia de Freguesia concluiu que terá de existir uma actuação política local para que o município remende os problemas.
Carlos Duarte alegou que “ao longo dos anos a Turrisespaços nunca fez o que era necessário para a manutenção do pavilhão. Estava ali só para receber os valores atribuídos pela autarquia”. Com a extinção da Turrisespaços no mês passado, o pavilhão voltou a ser propriedade da Câmara. O presidente da Assembleia de Freguesia, José Manuel Martins, lembrou que o regulamento municipal do funcionamento dos equipamentos desportivos, em vigor desde 2010, remeteu sempre todas as responsabilidades para a autarquia.
O deputado comunista - que defende que o pavilhão de Riachos deveria ter um estatuto especial no regulamento municipal, visto que a sua construção foi feita, em parte, através de donativos da população - propôs uma visita da Assembleia e da Junta ao local para ver e inventariar os problemas existentes. Já Martins disse que a Assembleia deve ajudar a Junta a pugnar pela manutenção do pavilhão, elaborando a lista dos problemas que podem “pôr em perigo a actividade física que lá se pratica” e ficou de agendar a visita.
Alexandre Simas chamou recentemente o presidente da Câmara e, numa visita ao pavilhão, recebeu a promessa de que irá ser feita uma candidatura ao novo quadro comunitário destinada à conclusão do projecto. Inaugurado em 1999, o pavilhão nunca foi acabado. Além do ginásio, estrutura adjacente ao pavilhão, da qual só foi construído o ‘esqueleto’, também os camarotes e os acessos às bancadas ficaram por construir, assim como outras situações que prejudicam a funcionalidade do pavilhão.
Segundo informou na Assembleia o tesoureiro da Junta, José Júlio Ferreira, a autarquia riachense tem defendido junto da Câmara que, caso a referida candidatura a fundos não resulte, a autarquia deve pelo menos “levantar as paredes” do ginásio, mesmo que não seja exactamente conforme o projecto, de modo a que este possa acolher actividades como a do Clube de Judo de Riachos, que há vários anos está instalado no salão da Junta de Freguesia, sem as condições adequadas, e a ginástica.
David Garcia, eleito pelo PS, deu confiança ao executivo ao referir que a candidatura de José Júlio Ferreira fez do pavilhão lema de campanha, e que existe entre os socialistas locais a convicção de que a Câmara tem como prioridade para Riachos a conclusão do pavilhão. E os fundos estruturais serão a única hipótese de isso acontecer.
Mas Carlos Duarte não se mostra crente na conclusão do projecto, uma vez que tal desígnio tem constado, em vão, nos programas eleitorais do PS há muitos anos e atirou: “se a Câmara o quisesse fazer já tinha feito. Dizer que vai fazer uma candidatura é atirar areia para os nossos olhos. O certo é que o que está feito está a degradar-se e qualquer dia é preciso o dinheiro de um pavilhão novo para arranjar este...”.
Com vai ser a gestão agora?
O pavilhão de Riachos tem sido supervisionado por dois funcionários, uma dos quadros da Câmara e outro da Turrisespaços, atribuído por um programa do Centro de Emprego. Este último terminou o contrato recentemente e deixou o pavilhão há poucos dias, depois de ter alimentado e perdido a esperança de ver prolongada a colaboração com a empresa ou, agora, com a Câmara.
No princípio desta semana, ainda não era claro com vai ser colmatada a evidente falta de pessoal para supervisionar a actividade no pavilhão, visto que a actual funcionária é insuficiente para todo o horário e toda a actividade que lá acontece regularmente. Durante o dia, o pavilhão é utilizado pelas escolas e à noite é utilizado pelas secções de futsal e atletismo do Atlético e por aulas de ginástica para adultos. Uma das hipóteses é voltar ao sistema antigo, em que se dá autonomia ao Atlético, e outros grupos de utilizadores, para utilizar o espaço.