A Bênção do Gado Associação Cultural reuniu em assembleia pela segunda vez para tentar eleger uma direcção que assuma a realização da próxima Festa, prevista para 2016.
Apesar de na primeira tentativa não ter surgido nenhuma lista candidata, a presença de um considerável número de agricultores e membros da associação Os Cingeleiros, que organizou várias festas até à constituição da associação Bênção do Gado nos anos 1990, foi considerada como um sinal encorajador para o processo, que se previa longo, de encontrar uma direcção para suceder à actual, presidida por Carlos Tomé.
Desta feita, as revelações feitas pelos Cingeleiros não defraudaram, de algum modo, as expectativas da direcção demissionária. Se por um lado o presidente da associação de agricultores, Carlos Graça, disse que a Festa está num nível muito alto e que os tempos que correm obrigam a cuidados redobrados, por outro disse que a nova direcção terá de respeitar a direcção anterior e ir avante com a Bênção do Gado 2016 com a mesma dignidade. Carlos Graça disse que apesar de Os Cingeleiros não terem capacidade para assumir por si só os preparativos da próxima festa, decidiram que ‘forneceriam’ três elementos para integrar a próxima direcção da Bênção do Gado. Mas a recusa dos Cingeleiros de agarrar a organização da Festa prende-se principalmente, disse ainda, com a percepção de que a actual natureza da Festa não se coaduna com tal desígnio: “A Bênção do Gado não é uma festa dos agricultores, é uma festa de Riachos, por isso precisamos de uma direcção de Riachos” ilustrou, ao defender que a direcção tem de ter elementos das diversas partes da vida colectiva riachense.
Mas não é fácil substituir Carlos Tomé na liderança da coordenação. Como ele, Mafalda da Luz e Miguel Cunha também voltaram a declarar-se indisponíveis para assumir um novo mandato na direcção, apesar das tentativas de os demover por parte de alguns sócios da Bênção do Gado. José António Trincão Marques e Carlos Graça, dos Cingeleiros, frisaram por diversas vezes que, por muitas voltas que se dê, não se vai conseguir encontrar uma pessoa como Carlos Tomé, que reúne as características e a experiência certas para o fim. “Ele sabe dar as voltas. Houve situações na última festa que pareciam impossíveis de resolver e ainda hoje não percebo como é que ele as resolveu”, disse Carlos Graça sobre “o valor que tem que se dar ao doutor” pelos anos de dedicação e pela qualidade que deu à festa.
Mas Tomé mostrou-se irredutível na sua decisão pessoal de não integrar a nova direcção, afirmando que ninguém é insubstituível e que não se pode basear a organização numa pessoa. Disse, contudo, que continuará ligado à Festa e que tudo fará para que ela não morra.
O ainda presidente da direcção mostrou-se contente com a atitude dos Cingeleiros: “é importante que os Cingeleiros dêem o pontapé de saída, que é bem dado desde logo pelo facto de ser uma associação a dá-lo e não uma pessoa”. Tomé também realçou que a Festa tem de abranger todos os sectores da freguesia, advogando que se deve diversificar ao máximo e, para isso, o caminho é auscultar a população e “ver o que as pessoas pensam”. Em jeito de conselho dado aos sucessores, Tomé disse que só assim se conseguirá trazer “gente com 20 anos” para a festa, uma renovação que considera muito importante, assim como a adesão de novas personalidades e atitudes.
Ficou então decidido que se vai dar início a um processo de auscultação da população, das colectividades e grupos de Riachos, com o intuito de reunir nomes para a próxima direcção (a eleger dentro de dois ou três meses) e, pelo caminho, de começar a formar uma ideia sobre o formato e os conteúdos da próxima Festa. Para isso, dentro dos próximos 15 dias, serão nomeados três elementos da direcção cessante e mais três elementos dos Cingeleiros para arrancar com esse desígnio.