A Sociedade Velha Filarmónica Riachense esteve em França de 1 a 7 de Abril para realizar mais um episódio da geminação com Notre Dame de Bondeville, a vila francesa que, desde 1996, mantém laços de amizade e intercâmbio com Riachos e ainda no ano passado por cá passou.
Visitas culturais à região, actuação das duas orquestras em conjunto e várias ocasiões para o convívio aproximaram ainda mais os participantes que teimam em não deixar morrer esta ligação. Aqui ficam as partes principais do diário da aventura, escrito por quem a viveu em pessoa.
SÁBADO, 31 de março
A concentração estava marcada para as 7h30 da manhã de 31 de Março de 2012, com partida prevista para as 9h00.
Curiosamente, e ao contrário do habitual, não houve atrasos a registar: todos chegaram pontualmente, a postos para o início de uma semana cultural e social em França.
Mas, para ensombrar todos os sonhos, o autocarro contratado pela S.V.F.R. não apareceu e surgiu em seu lugar um outro que não correspondia ao pretendido, não apresentando as condições mínimas de conforto e de segurança necessárias, pelo que o presidente da filarmónica não aceitou a situação.
Após vários telefonemas, foi explicado que o dito autocarro, reservado com antecedência de 3 meses, estava retido devido a um atraso noutra viagem e a empresa em causa optou por enviar um veículo de substituição, a fim de não atrasar a saída, e que conduziria os viajantes ao encontro do outro transporte, em Vilar Formoso.
Depois de uma espera de cerca de três horas, a comitiva riachense iniciou a sua viagem. Apesar deste percalço, a alegria e boa disposição nunca esmoreceram. Alguns elementos ainda foram almoçar a casa e eram 13h00 quando se iniciou a marcha rumo a terras Francesas.
Desde logo, se decidiu pela alteração do percurso previsto, e o autocarro dirigiu-se primeiro ao Mont de Saint Michel, ficando para a viagem de regresso as visitas a Paris e à Disneyland.
A viagem decorreu sem sobressaltos e os riachenses chegaram fatigados, depois de mais de 24h de viagem. A receção aconteceu já no dia 1 de abril, pelas 19h, em grande apoteose, com um “pote de amizade” à nossa espera.
Os cumprimentos oficiais do presidente de la Mérie (câmara municipal) foram aclamados e, de seguida, procedeu-se à distribuição dos portugueses pelas famílias de acolhimento. As famílias francesas fizeram questão de receber em sua casa os portugueses que, no ano passado, os tinham recebido em Riachos.
SEGUNDA-FEIRA, 2 de abril
O ponto de encontro matinal, ao longo de toda a semana, foi no Mille Club, às 8h30. Neste primeiro dia, atravessámos de barco o rio Sena para visitar Bouille, com um piquenique no jardim de Clères. De tarde, visitámos o parque zoológico de Clères. O regresso a Notre Dame deu-se pelas 18h, para jantar em família.
À noite, realizou-se um ensaio com as duas bandas unidas para o espetáculo do dia seguinte.
Terça-feira, 3 de abril
Durante a manhã, realizou-se um ensaio só com a banda de Riachos para adaptação às condições físicas e acústicas do palco da sala André Guide.
O almoço foi um excelente buffet no Mille Club.
A tarde foi dedicada à visita da cordoaria de Valois, com o grupo a ser dividido em três para melhor explicação e visualização de toda a maquinaria movida pela força da água.
À noite, perante cerda de 200 pessoas, o espetáculo decorreu da melhor forma e a banda de Riachos foi admirada e aclamada pelo público presente. O programa escolhido foi bastante eclético com o pasodoble Paquito Chocolatero, King Arthur e The Rock (bandas sonoras), Carmina Burana (música clássica), Virginia (música original para banda), Português Suave (música portuguesa) e temas com o tenor Pedro Tavares, a solista Fátima Correia e a fadista Paula Silva.
Para terminar o concerto, a Orchestre d’Harmonie de Notre Dame de Bondeville uniu-se à de Riachos e, com 80 músicos em palco, executaram quatro obras musicais: Pirata das Caraíbas, Storie di Tutti I Giorni, Uma Noite em Lisboa e Mamma Mia. O entusiasmo do público foi extraordinário com a atuação conjunta dos três cantores no tema Lisboa Antiga.
Os nossos amigos adoraram a banda e ficaram admirados com o seu nível musical. Nesta mesma noite, já circulavam pelo Youtube vídeos elaborados pelo maestro da orquestra normanda. No dia seguinte, o grande tema das conversas entre os nossos anfitriões era o concerto da banda riachense.
QUARTA-FEIRA, 4 de abril
A manhã foi preenchida com uma visita ao jardim das plantas e um piquenique nesse local fornecido pelas famílias.
Pela tarde, fez-se uma visita por Rouen visitando a catedral e outros monumentos desta cidade.
A noite foi passada com as famílias de acolhimento.
QUINTA-FEIRA, 5 de abril
Saímos à hora do costume, em direção a Mers de Bains com uma visita pela vila, na qual se incluiu um passeio pelo teleférico de Tréport.
Depois do almoço em piquenique, saímos em direcção a Dieppe para a visita à cidade, à praia e ao castelo.
A noite, banda de Riachos apresentou-se em mais um concerto seguido de um autêntico banquete, recheado de iguarias normandas, no qual participaram quer os elementos da comitiva portuguesa quer as famílias de acolhimento e outros convidados. Houve ainda lugar para atuação de uma cantora acompanhada pelo piano e contra baixo de cordas. Não podia faltar também a voz de Claude Lemarchand, qual Charles Aznavour. Já está feito o convite ao Claude para vir participar num dos nossos jantar-concerto.
SEXTA-FEIRA, 6 de abril
De manhã, visitámos a vila de Honfleur.
Depois do almoço, partimos no barco “Jolie de France” para um passeio sob a ponte da Normandia e estuário do rio Sena.
A última noite em Notre Dame de Bondeville foi dedicada ao convívio com as famílias de acolhimento.
SÁBADO, 7 de abril
As despedidas foram muitíssimo sentidas e profundas. A tristeza era evidente nos semblantes de portugueses e franceses. A amizade foi reforçada entre todos e, passados 12 anos desde o último intercâmbio, parece que foi ontem. Apesar do enorme atraso, o compromisso assumido doze anos antes (em Julho de 2000), de trazer a Riachos os nossos amigos, foi cumprido.
A viagem rumo a Paris decorreu tranquilamente e, em Paris, o grupo dividiu-se: um grupo ficou na Disneyland, sendo responsável por ele o presidente da filarmónica, e o outro grupo dirigiu-se a Paris com a vice-presidente. Os grupos reuniram-se às 18h, na Disneyland, e daí seguimos a caminho de Portugal onde, com enorme cansaço se chegou sem problemas, tendo uma grande surpresa à nossa espera: as maravilhas da gastronomia portuguesa confecionadas por grandes amigos da Filarmónica!
Geminação Riachos/Notre Dame de Bondeville
A geminação entre cidades é um conceito que tem como objetivo criar relações e mecanismos protocolares, principalmente no aspeto espacial, económico e cultural através dos quais se estabelecem laços de cooperação.
Poderão ter (ou não) características semelhantes (ex. demográficas) ou pontos de referência históricas.
Esta geminação entre Riachos e Notre dame de Bondeville foi assinada oficialmente em 1996, já lá vão 16 anos. A última iniciativa partiu desta filarmónica no ano 2000. No ano passado recebemos em Riachos os nossos amigos e, agora, fomos à Normandia.
A direção da filarmónica entende que é da maior importância para os nossos jovens este intercâmbio cultural.
É assim que todos crescem como homens e mulheres. Hoje em dia será mais fácil olhar para o lado, para os números e esquecer que é mais importante o “ser” do que o “ter”. Provavelmente, alguns, com pouca sensibilidade, dirão que andámos a passear. Nós dizemos: “andámos” a fazer crescer os nossos jovens. Outros dirão que andámos a gastar dinheiro. Nós dizemos: demos a conhecer costumes e culturas diferentes. Outros ainda dirão que é para alimentar o ego. Nós dizemos: mostrámos a nossa música e a nossa cultura. É o máximo que uma banda pode oferecer a todos em termos culturais e sociais. É, mais uma vez, dignificar e elevar o nome da S.V.F.R. e de Riachos. É isso que naquela casa todos fazemos e bem: ser sérios e honestos com a coletividade e com Riachos, mesmo não agradando a todos. Os nossos músicos descrevem esta semana como uma semana de sonho. Ficámos extremamente felizes, pois trabalhámos para isso. Agradecemos a muitos riachenses que vão perguntando se a viagem correu bem. Agradecemos especialmente ao Exmo. Sr. Presidente da junta de freguesia de Riachos (provavelmente contra algumas vozes) que nos acompanhou nesta viagem e que nos discursos salientou o esforço da coletividade em não deixar morrer esta geminação. É que não basta iniciá-la, é necessário lutar para mantê-la. E nós temos feito por isso!
S.V.F.R. SEMPRE!!!