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03 de Maio de 2024
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Titau e a reciclagem de trapos

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Foi no meio dos trapos que encontramos Júlia Triães, uma das artesãs do Núcleo de Arte de Riachos (NAR). Apesar da costura ter sido a sua principal actividade profissional, começou por fazer trabalhos de patchwork, a sua especialidade, para oferecer a familiares e amigos. "A costura esteve sempre presente na minha família porque éramos uma família numerosa e o aproveitamento da roupa era normal", explica.

Começou a costurar aos 11 anos e cedo travou conhecimento com a arte de reciclar trapos. "A nossa região não tem nenhuma tradição específica a nível de costura, rendas ou bordados, mas talvez por ser uma zona mais pobre, as mantas de retalhos foram algo que sempre se fez por aqui", comenta Julia Triães. "Ainda guardo uma manta que a minha avó costurou, completamente à mão", diz.

Hoje a tecnologia é outra e as mantas que faz são cozidas à máquina, mas a questão do aproveitamento dos tecidos mantém-se. "Sou viciada em trapos", confessa Júlia Triães, que começou estes trabalhos mais artesanais apenas como hobby e que hoje encara a sua actividade quase como profissional. "Comecei a fazer estes trabalhos principalmente para escoar o material que acumulei durante os anos de costura, mas a opinião do família e amigos foi tão positiva que decidi continuar", confessa.

O primeiro passo

Há cerca de dois anos decidiu inscrever-se no artesanato em Torres Novas e começou a expor os seus trabalhos. "Foi nessa altura que percebi que não havia muita gente a trabalhar na minha área e decidi arriscar", refere. As vendas começaram a surgir e Júlia Triães acabou por ser convidada a expor a sua arte na Feira Nacional dos Frutos Secos. "Fiquei muito contente com o convite da Câmara Municipal de Torres Novas. Sinceramente não estava à espera, pois pelo que sei, convidam poucas pessoas", explica, sempre com as mãos na máquina de costura pois é tempo de preparar a exposição.

A influência do NAR

Foi no jornal “o riachense” que Júlia Triães leu a notícia que ia haver uma reunião no museu para criar um movimento de artistas riachenses. Foi sem hesitar. "Decidi ir à reunião e aceitar o desafio desde o início, pois acreditei que o projecto tinha pernas para andar", relata a artesã.
Júlia Triães considera que o NAR tem feito um bom trabalho na divulgação da arte riachense: "A participação nas feiras tem sido bastante positiva. Não me refiro obviamente no que diz respeito a vendas, pois o cenário económico do país não é favorável a este tipo de actividade, e em tempo de crise é normal que as pessoas cortem nos bens que não são essenciais. No entanto, acho que tem sido muito posivita pelo facto de sairmos para a rua, mostrarmos a nossa arte e recebermos o feedback do público. É bom saber se o que fazemos agrada às pessoas ou não".
O NAR, reconhece a artesã, tem sido uma boa influência na sua actividade. "As vendas e as encomendas têm aumentado", explica, para continuar: "Nunca pensei que fossemos ter esta projecção".

O estado do artesanato

Apesar da experiência positiva do NAR, Júlia Triães considera que é difícil sobreviver nesta área. "No que toca a revistas da especialidade, nota-se que há uma aposta na divulgação do artesanato e destes trabalhos mais criativos e originais, mas as iniciativas de apoio são muito poucas, praticamente inexistentes", salienta.

Titau e a Internet

No que toca à divulgação, Júlia Triães volta a surpreender pela originalidade, aventurando-se na Internet. "A ideia de criar um blog para promover os meus trabalhos foi do meu filho Norberto. Ao início pensei que não passasse duma brincadeira, mas o que é certo é que ele criou a página e até tenho recebido encomendas de pessoas que viram os meus trabalhos na Internet" refere entre sorrisos.
O blog e a página do Facebook criada recentemente têm sido geridos pelos filhos e pela nora, que incentivam a actividade de Júlia Triães. "O apoio da minha família, especialmente do meu marido e dos meus filhos tem sido essencial. Foram eles que me entusiasmaram a fazer estes trabalhos e são eles que muitas vezes me dão ideias para criar coisas novas. É muito gratificante ter um suporte familiar a este nível", comenta. Mas as obras desta artesã têm sido cobiçadas até por entidades regionais: "Há cerca de um mês fui contactada pela Câmara Municipal de Santarém. Viram o meu blog na Internet e queriam fazer-me uma encomenda. A proposta era extremamente aliciante, mas infelizmente não pude aceitar. A quantidade de artigos que pretendiam era muito elevada para os prazos que apresentaram. Como trabalho sozinha era impossível aceitar este trabalho, até porque já tinha assumido outros compromissos profissionais. De qualquer forma foi muito bom receber este contacto", explica.

Projectos futuros

Apesar da divulgação através da Internet e das exposições estarem a começar a dar frutos, Júlia Triães pretende manter a sua actividade com a dinâmica actual. "Quero continuar a fazer os meus trabalhos de artesanato e a expor em feiras dentro do tempo que tenho disponível, mas sem prejudicar a minha família. Sinto-me bem com o trabalho que tenho actualmente e com o feedback das pessoas, mas quero continuar a poder participar no crescimento das minhas netas e poder mimá-las com as minhas criações. O meu objectivo central é manter viva esta arte e penso que esse ponto tem sido alcançado", remata.

Uma vida na costura

Maria Júlia Triães, 57 anos, nasceu em Riachos no seio duma família numerosa. Aos 11 anos já dava os primeiros passos naquela que viria a ser a sua arte, a costura. Teve aulas de costura com a mestra Alice Antunes, com quem tirou o corte aos 15 anos e trabalhou até aos 18, altura em que decidiu gerir o seu próprio negócio e trabalhar a partir de casa.
Mas a vontade de aprender acompanhou sempre o percurso desta artesã, que concluiu em 2005 o Curso Profissional de Corte e Confecção da CEAC.
Recentemente Maria Júlia, mais conhecida por Titau, decidiu colocar em prática o que melhor sabe fazer: reciclar trapos. De início a ideia surgiu para escoar o material que foi acumulando ao longo dos anos de trabalho de costura, mas a adesão do público foi tão positiva que o patchwork se tornou a actividade que melhor caracteriza esta artesã.
Pode espreitar os seus trabalhos em http://avojuita.blogspot.com e no Facebook (Titau).

 

Sandra Isidro

Actualizado em ( Quarta, 06 Outubro 2010 17:39 )  
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