A novidade foi descoberta numa reunião que a câmara realizou a 16 de Março, seis meses depois do lançamento da primeira pedra, com os membros da junta e assembleia de freguesia de Riachos, para o esclarecimento do projecto.
Recuando até 12 de Setembro, o dia do lançamento da primeira pedra do centro escolar, a festa foi rija com gaitada e folclore, com o projecto ali à mão de semear, passou despercebido aos riachenses que os telhados iriam ser substituídos por terraços, se bem que houve eleições autárquicas pelo meio.
Agora, depois de todos os esclarecimentos prestados pelo engenheiro Vicente, a opinião dos autarcas da Freguesia é unânime: o estado de degradação é tal que impossibilita qualquer intervenção. Unânime é também a exigência de que se mantenha a traça original, incluindo o telhado em vez do terraço previsto no projecto.
Assim, a junta vai tentar sensibilizar a câmara para que altere o projecto de modo a manter o que lá está.
Apesar dos atrasos e das alterações, o técnico garantiu ainda que os prazos irão ser cumpridos, ou seja, o centro escolar de Riachos estará concluída a 31 de Dezembro deste ano, como também assegurou António Rodrigues na anterior edição deste jornal.
Discussão deve envolver forças vivas
Estas alterações em torno da escola Adães Bermudes, uma das últimas pérolas do património edificado de Riachos, têm motivado algumas preocupações na Associação para a Defesa do Património Histórico e Natural de Riachos. O presidente Carlos Trincão Marques, defende que o assunto já deveria ter sido discutido há vários anos de forma a evitar o avanço da degradação do edifício, e não o sendo, que o seja agora com as forças vivas de Riachos.
“Pelo que sei, os estudos apontavam para a recuperação e como tal, o assunto deveria ser discutido com todas as forças vivas de Riachos e não apenas com políticos, para saber quais as vantagens da demolição. Por vezes, vale a pena investir um pouco mais, quando se trata da salvaguarda do património”.
Por outro lado, mesmo reconhecendo que não dispõe de capacidade técnica para se pronunciar com exactidão, acredita que a remodelação da escola ainda seria possível: “Os técnicos dizem que a recuperação não é possível, mas por vezes há necessidade de fazer coincidir interesses políticos com os pareceres técnicos”.
Caso se avance mesmo para a demolição, Carlos Trincão Marques deseja que se mantenha a traça original no novo edifício, mas alerta: “Espero que não se fique apenas pela demolição…o presidente da câmara garante muita coisa mas, em tempos de crise económica, não se podem fazer grandes promessas”.
