o riachense

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António Mário Lopes dos Santos

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Isto vai, companheiros, isto vai

Não sei que reacção terá a Grécia, ao ver-se acossada pelo autoritarismo germânico e pelo Banco Central Europeu. Quando se coloca uma corda ao pescoço dum povo, só não te enforco se te tornares meu escravo, é difícil poder sentir-se pelo carrasco senão raiva e ódio.

Sei que os verdadeiros dirigentes europeus, os financeiros donos dos políticos, sabem que a sua realidade não é a do povo grego. Ganham o que querem e o que roubam em juros da miséria alheia, vivem em casas de luxo, frequentam hotéis e restaurantes de cinco estrelas, muitos deslocam-se em aviões próprios, têm iates e moradias nas estâncias famosas do planeta. Dominam, manipulando a informação, controlando os governos das nações, saqueando com o apoio daqueles, em nome da austeridade, tudo quanto de qualidade a vida lhes pode oferecer, ganhando num dia o que um trabalhador dos países do sul da Europa não recebe em anos. Rodeiam-se de exércitos privados para sua defesa própria, abusam da linguagem da democracia e da liberdade como forma de soporífero contra os que sabem quanta dor e quanta raiva aquelas representam para os que as tornaram razões de vida.

Esses donos do mundo sabem as diferenças entre as elites e as massas, mas temem que estas percam o respeito, o medo, a resignação. Daí o uso do pau e da cenoura. Ganham de várias maneiras. Com o que emprestam, com os juros dos empréstimos, com a venda dos produtos das suas empresas, com a deslocação de filiais daquelas para aproveitarem a mão-de-obra barata, consequência da sua política de austeridade, com as privatizações da empresas públicas que adquirem a preço de saldo. A invasão e controlo do país, onde os seus Kapos nacionais se tornam mais papistas que o Papa, empregando contra os seus concidadãos meios de persuasão, controlo, corrupção, aprendidos com aqueles, que , longe , não sujam as mãos, não vendem a alma, não sabujam por avidez de qualquer benefício, apenas acenam às suas marionetas com os privilégios do poder e com a percentagem por baixo da mesa como recompensa da sua dedicação.

Assim se percebe que as últimas eleições gregas tenham saído fora dos compêndios das regras da política europeias ditadas pela tragicamente célebre superioridade da mentalidade de disciplina germânica. E que se prepare, de Davos, aos passos perdidos dos países europeus, aos gabinetes dos financeiros e banqueiros ultranacionais, uma resposta clara ao perigo que a democracia grega pode representar numa Europa cada vez mais entregue ao fanatismo dogmático e fundamentalista da mentalidade do lucro das elites.

Qualquer guerra, na sua opinião, é melhor do que a perda do controlo dos povos. Só raramente os atinge, esse 1% que vive parasitariamente à custa dos restantes 99%. Usam a globalização como manual de etiqueta, enquanto excitam os nacionalismos dos países estrategicamente empobrecidos, sabendo como é velha e mobilizadora a luta dos povos pela honra da pátria, mesmo que antecipadamente vendida a retalho. Dividir para reinar, jogar por dentro com as quintas colunas, nunca permitir que os países colonizados se apercebam de quem verdadeiramente dirige os seus destinos e lhes condiciona as opções de vida, lançá-los uns contra os outros, em guerras perversas, se necessário. O século XX, para só citarmos o mundo contemporâneo recente, apresenta-nos, nesse campo, como noutros, exemplos traumáticos dessa ânsia de controlo e de mando absolutos.

A minha atenção, a minha opção, está com a alternativa que se está a construir a partir da Grécia, na Espanha, em Portugal, na Itália, na França, na Irlanda, noutros países onde o Euro criou uma verdadeira desigualdade e subordinação ao valor do marco alemão. A Europa dos partidos políticos clássicos está a terminar. O divórcio entre a democracia partidocrática e as pessoas é cada vez maior. Os movimentos de cidadania trazem perguntas e são eles mesmos a resposta para outro futuro que não o que, gregos, portugueses, vão encontrando nos hospitais, nas escolas, nos tribunais, no fisco, na segurança social, no desemprego, na miséria, na doença e na fome. Tudo para sustentar a corrupção dos Kapos ao serviço das Troikas do totalitarismo disfarçado de Democracia.

6 de Fevereiro de 2015
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António Mário escreve sempre às quintas-feiras em www.oriachense.pt

Actualizado em ( Sexta, 06 Fevereiro 2015 12:52 )  
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