Exactamente seis anos depois, Francisco Pescador de Matos voltou a apresentar-se perante o público da sua terra. A 26 de Julho de 2008 era um simples novilheiro praticante quando entrou na corrida da Bênção do Gado. Na tarde solarenga de 26 de Julho de 2014 estreou-se como toureiro em Portugal, cumprindo o desejo de se apresentar pela primeira vez aos aficionados e aos amigos da sua terra. O dia 26/7 pode bem tornar-se uma marca simbólica na sua carreira e nas touradas em Riachos, confessa Francisco.
Apoio houve muito. O público atendeu aos apelos das últimas semanas e compareceu em peso, com mais de duas mil pessoas a preencherem quase totalmente as bancadas da praça desmontável instalada nos Casais Pinheiros.
O objectivo foi cumprido. Era um risco, mas correu bem. O único ponto negativo foi a quantidade de pó permanentemente levantada. O piso não foi o ideal, mas regá-lo também não foi uma hipótese considerada devido aos receios que ficasse empapado.
Uma colhida na primeira lide não fez tremer o toureiro, que comprovou com o último toiro não ter ficado abalado com isso. Teve em Riachos a melhor faena da sua vida, disse, graças a este animal, que desempenhou na perfeição o seu papel e permitiu encerrar a tarde em apoteose (ver crítica nestas páginas). Entre dar autógrafos e pousar para fotografias, Paco esteve mais de uma hora para conseguir sair da praça.
Destaque também para os representantes do mundo tauromáquico presentes, desde repórteres de publicações especializadas até agentes do meio e profissionais diversos, como ganadeiros, bandarilheiros, toureiros, velhos e reputados aficionados, que compareceram em número significativo, comprovando as grandes expectativas criada em redor da apresentação do 39.º matador português.
Segue-se uma actuação em Amareleja a 14 de Agosto e depois em Arruda dos Vinhos, no dia 16. Uma apresentação no Campo Pequeno chegou a estar bem encaminhada, mas a decisão da administração da praça de não fazer corridas mistas até ao fim do ano acabou por deitar por terra a hipótese. No entanto, Paco demonstra-se muito confiante de que em 2015 estará no topo da lista de toureiros apeados que serão contactados para actuar na mítica praça.
Foi, pois, grande a festa de apresentação do matador Francisco Pescador em Riachos. Agora terá de percorrer um longo caminho para conquistar um estatuto que lhe garanta encontrar, por essas praças fora, um apoio do público semelhante ao que encontrou em Riachos.
Os passos seguintes passam por conseguir mais datas para Portugal, tentar entrar em Espanha e seguir para a temporada de inverno no México, esta sim dada como certa. E porque nestas coisas quase tudo se norteia em nome da tradição, o dia 26 de Julho poderá tornar-se uma data especial para Paco Velásquez, que encara seriamente a hipótese de dinamizar mais uma tourada no mesmo dia de 2015 em Riachos, onde há público para isso.
Actuação perfeita dos forcados
Os Forcados Amadores de Riachos continuam à espera que a Associação Nacional de Grupos de Forcados reúna em assembleia para apreciar o seu pedido de adesão. Os requisitos estão todos cumpridos, garante o cabo Carlos Branco, que acredita que a actuação em Riachos foi mais um passo de gigante para favorecer a entrada na associação. “Estamos em condições de estar ao lado de qualquer grupo de forcados”, atirou.
A participação em mais corridas é, porém muito difícil de conseguir, pois estas estão muito condicionadas pela posse do estatuto de associado ou pela possibilidade de troca de actuações com outros grupos. Em Riachos, o grupo ainda encarou a possibilidade de convidar um grupo amigo para iniciar uma permuta, mas a organização optou pela presença única dos riachenses, o que até foi bem aceite pelo grupo, ainda mais depois de constatada a excelente prestação na arena.
Foram quatro pegas conseguidas à primeira e a maior ovação até hoje da mais recente vida dos forcados de Riachos. Numa delas, o Nuno Espalha saiu em braços, lesionado, mas uma viagem ao hospital resolveu a forte pancada que levou no joelho. Ficaram totalmente dissipadas as dúvidas, dos que ainda as tinham, quanto à qualidade deste grupo, considera Carlos Branco.
