o riachense

Sábado,
20 de Abril de 2024
Tamanho do Texto
  • Increase font size
  • Default font size
  • Decrease font size
Enviar por E-mail Versão para impressão PDF

Que se há-de fazer a um PS que tem mais medo de si do que dos outros?

O PS português é um partido incapaz de viver unido na oposição. A sua ganância do poder é tanta que, ganhas de forma clara, mas sem foguetório, as eleições europeias, começou a pensar no imediato nas legislativas, no fim do poder da Aliança Portugal (a ANP dos neo -corporativistas de Passos Coelho e Paulo Portas), reduzida a 27,71%, do terço de portugueses que foi às urnas, sem contar os brancos (4,41%) e nulos (3,06%). Quanto valerá, hoje, o PSD? E o CDS/PP? Quando Portas critica o PCP por ter apresentado uma moção de censura no parlamento contra o governo, pedindo a sua demissão e eleições legislativas antecipadas, baseando-se em que «um sexto de um terço dos votos não faz uma revolução», poderia ter ouvido como remoque «e um cagagécimo faz que partido e como um vice primeiro-ministro?». O PS, ante a moção, engasgou-se, já com a contagem de espingardas entre António José Seguro e António Costa, cada um já a pensar-se o próximo primeiro-ministro, crentes da vitória socialista nas legislativas. Criticaram o PCP, que apenas os queria prejudicar, já que a últimas eleições eram um censura ao governo e, escreva-se, a Cavaco Silva - e de facto, os considerandos da moção do PCP são pior do que uma espinha na garganta europeísta do PS -, mas votariam a favor, porque censurado o poder nas urnas, como poderiam tomar outra posição? Curioso é que ambos os candidatos a primeiro-ministro assumiram esta atitude, sem divergências conhecidas. Como nada é ingénuo, ambos vieram comunicar sublinearmente que o PS não acredita conseguir uma maioria absoluta nas eleições legislativas e terá de fazer alianças, ou acordos, para governar. E, pela primeira vez, se ouve aos dirigentes desse partido «que a direita facilmente se une e a esquerda nunca o consegue». 

O que cria um problema ainda maior, a partir destas eleições, com um PCP mais forte, uma esquerda dita radical enfiada numa nau com muitos comandantes a ditar ordens para timoneiros desorientados, e um Marinho Pinto a navegar à bolina e a descobrir o caminho sebastianista para a alma de pé-atrás dos portugueses. 

E, pior que um tsunami ou um terramoto, quarenta anos depois da revolução de Abril, o manguito a todos os partidos nacionais de 66,10% de votantes, 6.398.350 cidadãos. 

Não equacionar este elemento no protesto a raiar o desespero duma maioria, que a cada eleição, se torna mais absoluta, lembra-me como a esquerda política, em todo o mundo, perde sistematicamente a sua justa razão de construção duma sociedade mais humana, mais igualitária, porque o primeiro adversário a eliminar é o que está a nosso lado, é o humano que discute o unanimismo e defende o diálogo como o verdadeiro caminho da democracia. 

Em Portugal é tão evidente que custa perceber como os dirigentes partidários da esquerda, e não só o PS, o não percebem. 

De momento, fica toda a oposição a este governo em fim de estação à espera do próximo capítulo do drama shakespeariano do PS. Por muito que o PC proteste, o BE imite, o Livre especule, Marinho Pinto se julgue um líder de massas, sem o PS a esquerda política portuguesa não ultrapassa o protesto legítimo contra o poder, que só mói a longo prazo, ao longo de gerações. A mudança democrática terá de ser feita com aquele partido, impedindo-o de que a sua ambiguidade o faça aceitar o arco de governação (CDS?, PSD, PS), excluindo toda a esquerda do combate pelo poder. Não é um caminho fácil, mas reconheça-se que há no PS sectores que defendem alianças ou acordos com os partidos à sua esquerda. As experiências frustradas das suas viragens à direita estão comprovadamente em risco de os fazer perder, na Europa, após a 2ª Guerra Mundial, a credibilidade como forças de progresso, já que a sua narrativa os transforma em sustentáculos do poder financeiro e especulativo, que é a essência da direita. Em Portugal essa imagem é muito nítida no PS. 

Daí que este Seguro versus Costa seja decisivamente eliminatório, num concurso de escalpes, onde se discute poder e compadrio, mais que clarificação e orientação políticas. 

Porque, das duas e uma: ou o combate à corrupção, às desigualdades, aos privilégios, ao desemprego, à injustiça social, se torna prioritário no seu projecto de poder, ou o PS se transforma (se não é já) num partido aparelhístico, só com apetite de poder, fazendo acordos com quem der mais, cada vez mais próximo da decadência dos partidos socialistas e sociais-democratas europeus. Será que algum dos dois responde? 

Aguardem-se os próprios capítulos, quando as inconstitucionalidades deste governo definidas pelo Tribunal Constitucional são ignoradas mediaticamente ante mais um Portugal-Grécia, que não consegue esconder que, sem Ronaldo, não passamos duma nação futebolística do terceiro mundo. Ou não será o futebol o espelho do país?

1 de Junho de 2014 

  Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar

António Mário escreve sempre às quintas-feiras em www.oriachense.pt 

Actualizado em ( Quinta, 05 Junho 2014 10:00 )  
{highslide type="img" height="200" width="300" event="click" class="" captionText="" positions="top, left" display="show" src="http://www.oriachense.pt/images/capa/capa801.jpg"}Click here {/highslide}

Opinião

 

António Mário Lopes dos Santos

Agarrem-me, senão concorro!

 

João Triguinho Lopes

Uma história de Natal

 

Raquel Carrilho

Trumpalhada Total

 

António Mário Lopes dos Santos

Orçamentos, coisas para político ver?
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária