Futsal
Tarde solarenga de domingo em tempo invernoso no pavilhão desportivo municipal de Riachos. Mais de 800 pessoas preencheram quase por completo a alta bancada do pavilhão, algo que só aconteceu em apenas uma ou duas outras oportunidades desde que foi construído.
A ocasião era o jogo amigável entre o Clube Atlético Riachense e o Sport Lisboa e Benfica organizado em memória ao velho sócio dedicado de ambos os clubes, Manuel Pacheco, falecido em Maio de 2013. Em simultâneo, aproveitando o potencial mediático, o jogo foi também dedicado à angariação de fundos para o tratamento do jovem João Pedro Calisto Fernandes, do Arripiado, que sofre de um tipo de leucemia que exige um tratamento que custa 70 mil euros.
A ideia de toda a circunstância partiu do director da secção de futsal do Atlético, Carlos Lopes, que enviou a proposta ao director do futsal do SLB, Alípio Matos, que de imediato pôs as coisas a rolar. O Pacheco mereceu a homenagem, disse Carlos Lopes, não só porque era um dedicado riachense e benfiquista, mas também porque ajudou muito no arranque da modalidade em Riachos. Após a troca de lembranças entre os representantes dos dois clubes, o pontapé de saída do jogo foi simbolicamente dado pelos irmãos Pacheco, filhos do Manuel Pacheco, sendo que António Júlio estava claramente emocionado com toda a cerimónia.
Carlos Lopes realçou a saudável experiência de intercâmbio com um grande clube, em particular porque “os atletas do Benfica foram excepcionais”, nomeadamente na oferta de uma camisola ao João Pedro, com o seu nome nas costas. O director enalteceu ainda a oportunidade dada aos jogadores do Atlético de jogarem com o Benfica, “um momento único para todos eles”, que até pode motivar para o resto do campeonato distrital.
13-3 contra os vice-campeões nacionais
A equipa profissional do Benfica, vice-campeã nacional, apresentou-se em Riachos apenas com quatro ausências: os jogadores convocados para o estágio que começou nesse mesmo dia em Rio Maior, de preparação para o Europeu na Bélgica.
O jogo foi desde o início completamente dominado pela equipa encarnada que, ao fim de cinco minutos já vencia por 3-0. O marcador chegou ao fim em 13-3, com os três golos alvi-negros a serem marcados ainda no primeiro tempo. João Venâncio, Laranjinha e Raspa vão ficar com a lembrança de terem marcado um golo ao Benfica. E foi precisamente nas ocasiões dos golos riachenses que se ouviram os únicos festejos, ensurdecedores diga-se, o que prova a crescente pujança que a modalidade está a ganhar em Riachos e na região.
A estatística vale o que vale, mas a verdade é que o Atlético já leva na sua história seis golos marcados a equipas do Benfica (e 30 sofridos) em três jogos (dois de futebol e um de futsal). Já no petisco no Picadeirinho da Teresa e do Milú, onde o convívio foi total, incluindo a presença da comitiva benfiquista, Laranjinha confessou, entre sorrisos, a alegria de marcar um golo ao Benfica, especialmente porque é adepto do Sporting.
Ainda em termos de contabilidade, agora em euros e não em golos, regista-se a angariação de 450 euros (incluindo um donativo de 200 euros de um privado) para as necessidades de tratamento do João Pedro e de uma boa almofada financeira, através dos lucros da bilheteira (foram vendidos mais de 700 bilhetes), para a secção de futsal do Atlético, organizadora do evento.
Uma escultura para o Benfica
Entre as trocas de galhardetes antes do jogo, houve algumas ofertas bem interessantes, como uma camisola oferecida aos filhos do Pacheco, metade Atlético metade Benfica, assinada pelos jogadores dos clubes e a escultura da Metalúrgica Coelhos. Concebida por José Coelho para homenagear em simultâneo o Manuel Pacheco e o Eusébio, a escultura seguiu com a comitiva do Benfica para Lisboa, com uma proposta de transformação da peça num monumento ao Eusébio, como se fosse uma maqueta. O artista aproveitou para entregar um portfolio ao representante do SLB e explicou que a escultura é uma das obras incluídas no projecto de escultura pública “Modelo Ausente”. Já em outras ocasiões José Coelho ofereceu peças suas a outras associações, que podem lucrar com elas e alertou que está disponível para colaborar com o todo o associativismo riachense, na produção de esculturas para a angariação de fundos.
