o riachense

Quarta,
24 de Abril de 2024
Tamanho do Texto
  • Increase font size
  • Default font size
  • Decrease font size

Manuel Pé Leve é um dos pilares da cultura riachense

Enviar por E-mail Versão para impressão PDF

 

Haverá melhor maneira de festejar o aniversário do Museu, do que com uma homenagem ao Manel Pé Leve? Ou de celebrar o aniversário da vila do que com a publicação de um livro de memórias sobre o ‘Riacho’ escrito por Manel Pé Leve? 

“Que me deixassem morrer primeiro”, disse Manuel Carvalho Simões (MCS) no alto dos seus 82 anos quando a Mafalda Luz lhe sugeriu a realização de uma homenagem pelo Museu Agrícola de Riachos. O Museu tem sido a grande dedicação nas últimas duas décadas deste homem que foi, de facto, homenageado no dia 12 de Outubro, cumprindo-se o desígnio das comemorações do nascimento do Museu há 24 anos.

Perante um auditório cheio, Carlos Trincão Marques representou a Associação de Defesa do Património da Região de Riachos e evocou os nomes da fundação do museu que se quis comunitário desde a base. Depois, foi das suas mãos que saiu a prenda do quadro com o retrato de MCS feito a carvão por Antero Guerra.

O Núcleo de Artes de Riachos foi outro dos grupos a que MCS deu a mão desde a fundação, há quatro anos, e que beneficiou da sua generosidade, enquanto poeta e artista. No NAR “é um mestre, um ensinador” disse Pereira Jorge, o presidente do NAR, que ainda se referiu a MCS como “um homem sábio, forte de alma e de espírito, que edificou grande obra em Riachos”.

Luís Mota Figueira, outro dos fundadores e director do museu, será, dos que usou da palavra, o que mais marcantes memórias terá de Manel Pé Leve e não hesitou em dizer que ele marcou várias gerações, “desde logo a sua e a minha”, disse. Recordou ali em público, com emoção, os “lanches magníficos em casa da Preciosa. A casa do Manel Pé Leve era onde a gente se acoitava”. O professor de turismo e património disse que “estamos perante um dos pilares da nossa própria comunidade, um daqueles insaciáveis curiosos de conhecimento que, na comunidade, não estando a estudar, eram mestres”.

O espírito comunitário e de solidariedade de MCS é evidente na colaboração com as colectividades. Tornou-se famosa a sua expressão no campo da bola que lhe chegou a dar alcunha por alguns tempos, era “o Insiste”. No Atlético cobrou cotas, dinamizou o atletismo, fez tudo, testemunhou Luís Mota. O jornal, a filarmónica e o Atlético serão as que mais devem a MCS, às quais se juntou o museu: “Em 1993, o Dr. Luís Mota convidou-me para o Museu, e como sou elástico, aceitei e por aqui vou andando”, lê-se num texto autobiográfico exposto no museu.

João Cardoso, numa das suas últimas aparições públicas enquanto presidente da Junta, disse que o museu desde logo acolheu toda a gente que estava interessada em manter a cultura riachense. “Mas também para a renovação da cultura riachense é importante que apareçam mais Manuel Carvalho Simões”, defendeu, terminando com a frase: “é um homem simples”.

O novo presidente da Câmara Pedro Ferreira, não sendo de Riachos, revelou conhecer o homenageado pela sua escrita, particularmente pelos seus artigos no jornal. “É um orgulho para qualquer concelho ter pessoas de quem se possa orgulhar”.

Enfim, as histórias do contador Manel Pé Leve são hoje indissociáveis da construção que qualquer riachense tem da sua terra, pela sua dedicação autêntica na transmissão das vivências do passado. Pelo significado que isto tem por diversas vezes, ele fez coincidir os seus eventos pessoais com as efemérides locais. Nos 75 anos da freguesia, em 1998, por exemplo, lançou o primeiro dos seus três livros: “Histórias da Nossa Gente”, uma compilação de textos escritos nas páginas do jornal O RIACHENSE que muito forneceram à memória colectiva nas últimas três décadas. Os outros foram “Cantigas da Minha Terra” (2000) e “Riachos em Verso e outros Versos” (2007). Na calha tem o segundo volume das Histórias da Nossa Gente, cuja recolha já completou, faltando apenas o trabalho de organização e edição. Está determinado em lançar a obra por alturas do 30.º aniversário da vila de Riachos, que se comemora em Maio de 2014. Para isso, aproveitou o momento da homenagem para lançar o repto à nova Junta de Freguesia, para que se associe ou responsabilize pelo lançamento, como elemento das comemorações.

A cerimónia solene terminou com um pequeno concerto dos Vozes d’Art & Nar, e com um poema dito à desgarrada entre Carlos Madeira e Ana Triguinho, da autoria do homenageado, cuja encenação e conteúdo se poderia traduzir pela expressão “por detrás de um grande homem está uma grande mulher”.

A grande mulher de que se fala, a Preciosa Oliveira, não passou despercebida da homenagem, nem das palavras do homenageado: “Não posso deixar em branco a penúltima filha do meu sogro, porque me dispensa sempre e até me empurra, pois ela gosta mesmo que eu pertença a estas coisas cá da terra”.

Na Galeria das Artes está instalada uma interessante exposição autobiográfica, composta por fotografias – outra das suas paixões desenvolvidas em modo autodidacta -, peças de artesanato e outros objectos construídos manualmente por Manuel Carvalho Simões, como uma eficaz gaiola para grilos, feita a partir de dois pedaços de cana. Para termos a música da natureza nas nossas casas.

 

Actualizado em ( Sexta, 25 Outubro 2013 12:57 )  
{highslide type="img" height="200" width="300" event="click" class="" captionText="" positions="top, left" display="show" src="http://www.oriachense.pt/images/capa/capa801.jpg"}Click here {/highslide}

Opinião

 

António Mário Lopes dos Santos

Agarrem-me, senão concorro!

 

João Triguinho Lopes

Uma história de Natal

 

Raquel Carrilho

Trumpalhada Total

 

António Mário Lopes dos Santos

Orçamentos, coisas para político ver?
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária
Faixa publicitária