o riachense

Segunda,
09 de Dezembro de 2024
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José Moreira

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Manda a prudência que se formem opiniões e se tomem decisões baseadas em factos e se possível em números. Os números, ao contrário da retórica política, têm a enorme vantagem de não nos enganarem, nem quererem manipular a nossa opinião. 
São os números que nos dizem que lá em casa não podemos passar a vida a gastar 1200€, se ganhamos apenas 1000€. São também os números que nos dizem que se trocarmos de carro recorrendo a um empréstimo a 8 anos com uma taxa de juro de 10%, no final do crédito na realidade acabamos por pagar quase 2 carros e só temos 1.
Infelizmente desde o 25 de Abril, desinvestiu-se muito na matemática. Hoje são muitos os que têm o dom da oratória e do discurso político/manipulativo, mas poucos os que sabem fazer contas e têm um raciocínio analítico, com bom senso e desprovido de paixões e emoções.
Só assim se explica que as autarquias prefiram investir em rotundas, em vez de saneamento básico. Só assim se explica que os sucessivos governos orientem os seus investimentos para as obras do betão e alcatrão em vez de propiciarem condições competitivas à indústria e à criação de emprego. Só assim se explica que mais de 2/3 do país sejam mera paisagem tais as assimetrias e desvantagens competitivas criadas entre o interior e o litoral. Só assim se explica que durante anos se tenham concedido reformas antecipadas e pré-reformas a pessoas com pouco mais de 50 anos, quando a expectativa de vida dessas pessoas, leva a que muitas venham a ter reformas por mais de 4 décadas. Só assim se explicam as disparidades dos vencimentos e regalias para funções semelhantes entre empregos na privada e na Função Pública. Só assim se explica que a quantidade de professores formados nas últimas décadas seja inversamente proporcional à quantidade dos futuros clientes (bebés nascidos). Só assim se explica uma oferta de formação profissional e de formação superior completamente desajustada das reais necessidades das empresas e do mercado de trabalho.
Durante décadas os centros decisores estiveram mais interessados em comprar votos e ganhar eleições do que em projectar o futuro do país. E quanto aos eleitores, ainda que alguns desconfiassem do festim ou da conveniência de tais decisões, a verdade é que pouco se incomodaram enquanto o vento soprou de feição. 
O vento mudou de direcção e agora uma das frases mais ouvidas do momento é “Não há almoços grátis”. Fico estupefacto ao descobrir tantas pessoas que afinal pensavam que havia. 
É importante irmos buscar a velhinha tabuada e voltarmos a fazer as tão sábias e sobretudo tão honestas contas de mercearia. É importante que o país deixe de ouvir os discursos políticos e comece a olhar para os números que estão em cima da mesa. Não precisamos de ninguém que pense por nós.
No dia em que a desonestidade intelectual der prisão, poderemos finalmente renovar os políticos de todos os partidos. Sem excepções!
José Moreira

Actualizado em ( Segunda, 14 Outubro 2013 14:19 )  
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