o riachense

Sexta,
29 de Maro de 2024
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José Júlio: "Acredito num novo ciclo das relações com a Câmara"

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“Temos de responsabilizar todas as pessoas eleitas na freguesa. Há o presidente e mais nove pessoas eleitas”

“Se alguém leva um projecto e que avance com ele, o mérito tem de ser da pessoa. Quando for para fazer o balanço da actividade, o mérito é dessa pessoa ou desse grupo, independente de estar na Junta ou na Assembleia. É assim que a gente gosta de Riachos. Porque senão não passamos de políticos”

Ao longo dos seus 61 anos, José Júlio Ferreira, ferroviário reformado, passou por muitas das colectividades de Riachos. O PS de Pedro Ferreira viu nele a opção para manter a Junta cor-de-rosa.
 
 
Qual é a avaliação que faz dos 20 anos dos executivos de António Rodrigues?
Pelo concelho tem feito muita coisa, por isso é que ele tem sido eleito sucessivamente. E porque o povo acha que ele tem valor para isso.
Aqui em relação a Riachos, teve alguns períodos em que se fizeram grandes obras. Essa história de se dizer que não se fez nada é um bocado exagero. Mas o que é certo é que não se fez tudo. Há coisas que eu penso que, com um bocadinho mais de boa vontade, se podiam ter feito. Há obras que não envolvem grandes valores. Porque é que não foram feitas?
Mas fez obras importantes em Riachos, nomeadamente a ordenação do trânsito - pelo menos na questão das rotundas - fez-se o campus escolar, que é uma grande obra, fez-se os viadutos… mas depois há o acabamento do pavilhão, por exemplo, que envergonha quem esteve na autarquia, até porque é na avenida 16 de Maio e é um mamarracho que está ali.
A cidade recuperou 60 ou 80 anos de atraso em 20, isso é inegável. Mas Riachos não recuperou na mesma ordem que a cidade. Acho que, ao contrário do João Cardoso, [António Rodrigues] podia sair melhor. Ultimamente todos os projectos têm sido só para a cidade.

E em relação aos 12 anos de João Cardoso na freguesia de Riachos?
Este último mandato não foi tão positivo como os outros. Talvez pelas dificuldades financeiras, talvez pela relação com a Câmara, não sei… Mas não alinho nesses que dizem que foram 12 anos que isto esteve parado. Dizer que Riachos tem que ser dignificado significa que isto é uma vila indigna, o que não é o caso. Uma coisa é dizerem que faziam melhor [as obras], de outra forma, com outro projecto… Não se fez tudo, mas fez-se alguma coisa! Este mandato não correu bem, é um facto. Mas o João Cardoso vai sair com muita gente a morder-lhe os calcanhares… é injusto. 
Relativamente aos mandatos anteriores da Junta, os 12 anos do João Cardoso foram claramente melhores. Há que distinguir dois períodos na Junta. O período pós-adesão à UE e o período antes de haver fundos comunitários. E no período dos apoios, na Junta anterior a esta, não se explorou tudo o que havia por explorar.

Qual é o problema que considera prioritário resolver em Riachos?
A nossa grande aposta é a Rua da Costa Brava. É ponto assente, é praticamente a única promessa que posso fazer. O resto é um programa de acção de trabalho, onde está a limpeza e manutenção do espaço, alguns espaços públicos degradados e o apoio às colectividades. São estes os três itens mais importantes.

De todos os problemas ambientais que há em Riachos, a questão dos maus cheiros é a que afecta mais directamente a população. Qual é a sua proposta para esse problema?
Uma luta permanente contra todos os focos de poluição em Riachos, quer sejam os maus cheiros, quer sejam os ribeiros. Aliás, este é um dos nossos cavalos de batalha. Como é que isso é feito? Através de uma denúncia permanente dessas situações, vamos monitorizar regularmente os focos de poluição que estão identificados, alguns até exteriores à freguesia. A gente come por tabela, no caso dos ribeiros. 
E vamos dando, quer através dos órgãos de informação, quer através da Junta, informação à população dessas diligências. Porque isto já foi feito, a diferença é que ninguém sabia e depois diziam que a Junta não fazia nada.
Este é um problema que tem que se resolver. Para nós, não há cá vacas sagradas, nem pode haver. Não há cá amigos nem inimigos nessa história. Os maus cheiros incomodam, não quer dizer que façam mal à saúde.

As finanças da Junta estão pelas ruas da amargura. Não há perspectivas realistas das transferências do Estado ou da Câmara aumentarem, só diminuírem. Tem propostas para arranjar mais receitas?
Como é que se fez obra até agora? Tem que ser o município a avançar… A Junta per si tem muito poucas possibilidades. Ou quem está na Junta tem capacidade de negociação e de afirmação, tem que saber dar as voltas e arranjar o dinheiro ou então… Através da Câmara ou através de um ou outro esquema, que se arranje.

Quase todo o orçamento da Junta é para pagar salários. O tema dos funcionários tem sido discutido nas Assembleias de apresentação de contas da Junta…
Não quero fazer nenhum comentário sobre isso. Falam sempre disso, mas está sempre lá o problema. Agora, com estas novas regras da função pública, há outras possibilidades de se tirar um melhor aproveitamento dos funcionários da Junta, mas não sei... Já tenho ouvido falar nisso noutras campanhas passadas e depois afinal era só garganta.

A Junta pode procurar financiamento comunitário para levar avante projectos próprios?
Pode e deve. Aliás, eu conheço centenas de projectos comunitários e sempre estranhei [o facto de] aqui em Riachos não haver mais placas a dizer “esta obra foi comparticipada pelo QREN” ou pelo PRODER... Sempre me fez confusão que não se concorresse mais em Riachos.. A Filarmónica concorreu a um projecto de umas dezenas largas de milhares de euros que é o único projecto de financiamento que eu conheço aqui.
Eu tenho uma ideia para tornear essa situação, mas não a posso ainda expor. Só que este quadro comunitário agora vai ser diferente. Dantes havia dinheiro para quase todos os projectos, agora vão ser muito mais seleccionados, muito mais direccionados para o emprego, segundo dizem já não vai ser tão fácil. 

E a Junta vai ter capacidade e conhecimentos para isso?
Quando se olha para a Junta e se vê só o presidente, isso é muito redutor e é um sacudir de água da capota de todos os elementos que são eleitos. Eu acho que todos os elementos que são eleitos, inclusive os eleitos para a Assembleia de Freguesia têm responsabilidades. É o presidente eleito e mais nove pessoas eleitas. Eu vejo elementos que estão na assembleia de freguesia há quatro e há oito anos e que agora voltam a ter responsabilidade nas listas, e que dizem que não é nada com eles! Outros que fizeram parte da junta e que agora parece que não estiveram lá. Quem os ouve parece que só o João Cardoso é que lá esteve. Mas eles têm obrigação de trabalhar nos projectos e têm a obrigação de denunciar, de forma fundamentada, quando as coisas não vão para a frente. No caso de eu ser eleito, todos os elementos vão ter de trabalhar, vão ter tarefas para fazer.
Tapar um buraco aqui, arrancar umas ervas ali… era só isso que levavam à Assembleia de Freguesia, nunca apresentaram nenhum projecto… Também têm responsabilidades nisto. Isso faz e sempre fez qualquer um, sem precisar de ser eleito na Assembleia de Freguesia.

E como fazer essa abordagem ao órgão deliberativo?
Tem que se dar visibilidade também ao trabalho das pessoas. A Junta não pode querer captar tudo para ela. Os méritos não podem ser só do presidente. Suponhamos que eu consigo resolver o problema do pavilhão e da zona envolvente, com pessoas que trabalhem para isso, sejam de que partido forem. Ou se for um elemento do Bloco de Esquerda que apresenta um projecto para o mercado e que avance com ele na Junta, esse mérito tem de ser da pessoa. Quando for a fazer o balanço da actividade, o mérito é dessa pessoa ou desse grupo que levou para a frente esse projecto, independente de estar na Junta ou na Assembleia. É assim é que a gente gosta de Riachos. Porque senão não passamos de políticos…

As gerações mais recentes estão a abandonar Riachos. Não há oferta de emprego…
É realmente uma tristeza ver que o pessoal da minha geração… que pudemos sempre viver juntos, participar na vida de Riachos juntos. E hoje vemos que isso já não é assim, ou porque não têm emprego cá ou porque vão estudar e depois já não regressam…
Para o emprego, a única coisa a atacar é a zona industrial. Temos que dinamizar aquilo. Mas uma ideia que eu tenho é fazer um grande congresso dirigido a essas pessoas que estão fora para continuarem a discutir Riachos e ver a possibilidade de contribuírem para o desenvolvimento da sua terra e, quanto mais possível, se fixarem aqui. Mas sabemos que isto está um bocado limitado. Mas esse trabalho também tem de ser feito um bocado em termos de concelho.

Os espaços verdes: o que fazer agora que a Junta tem de pagar a água?
Isso vai ser uma grande batalha, mas a gente tem que ter água. Se não nos dispensarem a água, temos de ter água de qualquer maneira. Essa luta vai ter que envolver todas as forças partidárias, até em termos de Assembleia Municipal. Tem de se arranjar novas regras para os consumos públicos. Deve haver um factor moderador para a água, claro, mas daí até se impedir de se utilizar água em espaços públicos vai uma grande distância.
Aqui em Riachos conhecemos exemplos flagrantes, é uma tristeza. Já vi derrubar gigantes maiores do que a Águas do Ribatejo [AR]. E acredito que Riachos vai ter força para isso. Já vi propostas dos outros partidos, nomeadamente do Bloco de Esquerda, que tem uma boa proposta. Aqui não deve haver o candidato do PS ou da CDU, vamos ter de nos juntar. É uma questão da utilização de um bem público que não pode ser vedado. Senão qualquer dia há um incêndio em Riachos e não há água para apagá-lo. O certo é que a passagem para a AR pode ter sido mal negociada. E houve até partidos e vereadores que não eram do PS e que votaram a favor e agora estão contra… É só ir ver as actas.

O largo, o mercado, a Casa do Povo e a Casa da Cultura.
No largo fazia esse estudo que foi aprovado em Assembleia de Freguesia e até foi publicado n'O RIACHENSE, que custa 25 ou 30 mil euros. Mas as obras que a gente eventualmente vier a fazer, vão ser feitas com a colaboração de toda a gente e vamos ouvir todas as pessoas. A Assembleia, de uma forma activa, e a população.
O mercado, para já adquiria o espaço, se houvesse dinheiro. A minha ideia era fazer uma coisa do género do que está na Golegã. Mas isso tem que ser posto em contraponto com a possibilidade de fazer ali actividades com as colectividades.
Não vale a pena estar a dizer que isto vai ser assim, porque eu não quero que a minha candidatura tenha uma ideia definida. Em termos gerais, o espaço do mercado é nobre e devíamos fazer pressão para que a Câmara o adquira, e até o cinema, mas isso já é outra história. 
Já ouvi ideias válidas, como essa de manter só um serviço mínimo de mercado com algumas lojinhas e o resto um espaço amplo para as colectividades. Aliás eu tenho visto boas ideias nas outras candidaturas.
Da Casa da Cultura não vamos desistir. Há um projecto que está feito, é para implementar, é uma boa ideia, vai depender do financiamento.
A Casa do Povo, vamos ter de a melhorar. Agora até temos lá muita actividade, como o teatro, que é útil para Riachos, e ali vamos ter de gastar algum dinheiro, pelo menos naquele palco… Penso que a Casa do Povo é das tais obras que a Junta por si é capaz de resolver.

Num hipotético quadro de reordenamento da administração local, acha que seria melhor para Riachos mudar de concelho?
Para acontecer uma coisa dessas, teria de passar pelas pessoas de Riachos a se pronunciarem. Há uma parte de Riachos que está muito ligada a Torres Novas e há outra parte que está muito ligada à Golegã. Mas não partilho dessa opinião de mudar de concelho… Houve uma candidatura do José Gameiro pelo PS aqui há uns anos que até tinha um programa baseado na separação do concelho de Torres Novas, para ser independente… E depois foi a candidatura do PS que teve menos votos, que eu me lembre.
Eu acredito num novo ciclo das relações com a Câmara. E isso tem a ver com a eleição do Pedro Ferreira.

O João Cardoso foi sempre criticado por ser demasiado ‘suave’ com a Câmara. Se o PS for eleito na Câmara e na Junta, o cenário não vai ser o mesmo?
A partir do momento em que for eleito, essas relações pessoais, de amizade, isso acabou. Está Riachos acima de tudo.
Já disse e repito: eles [a Câmara] têm um prazo para resolver o problema da Costa Brava porque senão eu vou propor à Assembleia que a sede da Junta mude para lá. Tanto faz estar lá o Pedro, ou outro qualquer.
O que eu penso também é que, no caso de eu ser eleito, Riachos fica numa boa posição. Mas isso é com qualquer partido, porque há muitas coisas que queremos fazer que dependem da negociação, depende de arranjar financiamento, e a boa relação entre as pessoas facilita essas coisas. O Pereira Jorge teria mais vantagens se fosse o Carlos Tomé eleito e o João Luz teria mais vantagens se fosse a Helena Pinto presidente da Câmara. Dêem lá as voltas que derem…
Agora, eu não amanso. O lema da minha campanha é “Afirmar Riachos”, mesmo por causa disso. 

Não havendo uma vitória absoluta de uma lista, prevê existir um melhor entendimento com algum dos outros candidatos? 
Nunca abordei ninguém nem ninguém me abordou sobre isso. Depende do equilíbrio da votação, claro, mas não excluo ninguém. Apesar de, está claro, terei uma preferência para me ligar a pessoas de Riachos. Valorizo acima de tudo, pessoas que se disponibilizem a trabalhar para a freguesia, e que já o têm feito. Entrar na política do bota-abaixo, da frase feita, nisso não alinho.
Actualizado em ( Segunda, 16 Setembro 2013 12:40 )  
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