o riachense

Sexta,
19 de Abril de 2024
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Alexandre Simas: "Sozinha, sem a Câmara, a Junta não consegue fazer nada"

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“Se os grupos independentes não podem eleger deputados, então nas freguesias não devia poder haver partidos”
 
“Se eu me encostar a uma colectividade ou uma associação, começo a ser faccioso, enquanto assim não o sou. Posso dizer bem desta colectividade e posso criticar aquela porque não estou agarrado a nenhuma.”

Veio para Riachos há 12 anos, “gosta disto” e já se considera um riachense. Reformado da polícia judiciária, aos 67 anos, acredita que a solução para Riachos passa por um relacionamento de diálogo com a Câmara. Sob a sigla GRUPPO, o regresso das listas independentes a Riachos tem o apoio do PSD.


Se traçássemos o perfil do candidato-tipo a presidente de Junta em Riachos, teríamos alguém com um historial de ligação às colectividades. 
Acho que isso é uma visão muito regionalista. Hoje em dia a sociedade já não é assim, temos de ser globais. Escolher este por ser do Atlético ou aquele por ser do NAR… Acho que isso é um erro.
Tenho um certo distanciamento para poder observar, para poder criticar. Se eu me encostar a uma colectividade ou uma associação, começo a ser faccioso, enquanto assim não o sou. Posso dizer bem desta colectividade e posso criticar aquela porque não estou agarrado a nenhuma.
Politicamente estou absolutamente a leste de todos os partidos. Acho até que se os grupos independentes não podem eleger deputados, então nas freguesias não devia poder haver partidos. Devia haver grupos de cidadãos que faziam listas mais alargadas de gente. Temos uma lista de um partido, e não há mais ninguém melhor que possa ajudar…? Então não há? Se pegarmos nos programas dos partidos, todos queremos o mesmo: melhorar as condições de vida de Riachos.
E para isso temos que fazer os possíveis. Prometer o ideal é conversa dos partidos. 

Qual a sua opinião dos executivos do PS na Câmara e na Junta?
Dos três mandatos do PS que conheci, posso dizer que o concelho não evoluiu. O que evoluiu foi Torres Novas. A cidade, aí sim, evoluíram bem, fizeram um bom trabalho, está uma cidade agradável. Mas evolução do concelho, é mentira.
Não se traz ninguém para o centro de Riachos, isto anda tudo parado. Nós vivemos para a festa da Bênção do Gado de 4 em 4 anos. Não se passa nada, é uma vila feia. Você traz aqui um amigo, tem alguma coisa para lhe mostrar em Riachos? Tem o Museu Agrícola e não tem mais nada. Não há ninguém que venha a Riachos para comer… Nós temos aqui a vila da Golegã, que é uma vila agradável, para se viver, tem um jardim… Riachos não tem nada, zero. As pessoas têm que fazer qualquer coisa. As pessoas que gostam disto. Eu gosto disto. Não sou de cá, mas gosto.

Houve obra feita em Riachos.
Em 12 anos? Vejam aquele jardim da Sópovo, é uma vergonha, as pessoas que vivem ali têm as casas mais ou menos arranjadas, com jardinzinhos à frente… Mas a Junta não fez nada para melhorar a vida das pessoas. O bem-estar das pessoas não é fazer duas rotundas. A biblioteca, não sei se está aberta, não sei se está bem aproveitada ou não… Se isso é o trabalho de 12 anos de uma Junta, é muito pouco.
Dizem que não há dinheiro. Não me venham com isso. Eu dou um exemplo de como é que se arranja dinheiro, o Sr. Dr. Maltez na Golegã, fez a Rotunda do Cavalo. Foi buscar dinheiro às coudelarias e aos indivíduos que têm touros, etc. Cada um pagou um ‘x’ para ter lá o ferro e com isso fez a rotunda. Agora nós olhamos para a rotunda dos bois… Tem aí pessoas que se ofereceram para dar adubo para aquilo estar bonito… Uma pessoa entra ali até se assusta. Riachos tem sido uma enteada da Câmara de Torres Novas. 

Num hipotético quadro de reordenamento da administração local, acha que seria melhor para Riachos mudar de concelho?
Isso é uma pergunta que se tem de fazer à população. Mas na minha opinião pessoal, não sei se seria benéfico ir para a Golegã. Eu julgo é que Torres Novas tem de olhar de outra forma para Riachos. É a maior freguesia não urbana, acho que merecemos outra coisa. Os riachenses não exigem muito. Não têm exigências grandes, de grandes megalomanias, de avenidas com palmeiras. Têm pedido melhor ambiente e melhor vida social. Este largo, tem sido promessas atrás de promessas…

E como dar a volta à questão?
Não sei. Uma das coisas que eu proponho é mudar a relação institucional com a presidência da Câmara. Não aceito que se convidem pessoas para vir a Riachos e depois as insultem e as assobiem. Eu não convido ninguém para vir a minha casa e depois insulto-o. Mas os riachenses têm razão para não gostar dele [António Rodrigues], porque ele não gosta de Riachos, pelo menos não parece gostar. Mas tem de se mudar essa relação. Prefiro provar as coisas, mostrar as coisas racionalmente. Julgo que é num relacionamento de diálogo, não de confrontação, com a Câmara, que é possível mudar as relações. 

O João Cardoso até é do mesmo partido da Câmara e no entanto…
Isso é prejudicial para Riachos. Eu não concordo que a Junta seja da mesma cor política da Câmara. O João Cardoso, a primeira vez que votou contra na Assembleia Municipal, foi posto de lado, toda a gente sabe isso. Eu não estou a ver a candidatura socialista [à freguesia] a ter uma ‘relação conflituosa’ com a presidência da Câmara, se for da mesma cor. Por isso é que eu queria alterar um bocado isto: eu estou distante dos partidos.
Isto [o GRUPPO] não é uma lista de independentes. É um grupo independente dos partidos. Há indivíduos do PSD, do PS, sei que há indivíduos de esquerda… Mas eu não fui perguntar-lhes a filiação partidária.

Mas as pessoas fazem a ligação ao PSD, até porque tem o apoio oficial
Mas não é. Se eu quisesse tinha sido, e assim tinha ajudas, tinha dinheiro. Eu não tenho dinheiro, o meu orçamento é o meu dinheiro. Não recebo nem um tostão de nenhum partido. Mas dentro do GRUPPO, cada um tem a opção política que quer, não os obrigo a serem independentes. Escolhi 18 pessoas, duas recusaram por motivos de saúde e duas recusaram por motivos pessoais.

Qual é o problema que considera prioritário resolver no concelho e em Riachos?
Prioritário para mim é o Largo da Igreja Velha, é preciso reconverter aquilo. No largo, era preferível fazer um concurso de ideias. Perguntar às pessoas: “estão aqui quatro projectos, escolham”. Penso que não temos [os políticos] de decidir pelas pessoas. 
A questão do mercado, penso que se pode fazer qualquer coisa, mas não pode ser só a Junta. Precisamos da Câmara para isso. Não podemos ter um mercado em que pagamos 225 euros mais água e luz, em que está uma senhora de terça a sábado e outra à quarta e sábado. E não podemos fazer ali uma feira da ladra uma vez por mês. Não tem sentido nenhum. Ou recuperamos o mercado e continuamos a pagar uma renda ou compra-se. Porque, quer dizer, a memória de Riachos não pode desaparecer, senão qualquer dia, isto não tem nada. Podíamos fazer um mercado – mal comparado – como o que se fez no Bulhão, conciliar a parte moderna, a inovação, sem esquecer a memória. E reactivar o comércio em Riachos, julgo que se pode fazer isso, aliando ao largo o mercado.

E na Casa do Povo? E, se for eleito, vai lutar pela Casa da Cultura?
Não abandonava a Casa da Cultura, mas prioritário para mim era a Casa do Povo. Mas a Junta não pode fazer nada. Pode programar, pode planificar, mas não tem dinheiro para alterar a Casa do Povo, para o mercado, para o largo. Sozinha, a Junta não tem hipótese. A Junta propõe à Câmara e a Câmara é que tem de fazer.
O jornal O Riachense [as instalações], por exemplo, não tem dignidade. Temos que encontrar soluções para dar dignidade às instituições que servem Riachos. A Casa do Povo tem de ser redimensionada, mas a Junta não pode. Sabe quanto custa fazer o muro do cemitério, que tem de ser feito? O primeiro orçamento que foi feito era de perto dos 40 mil euros…

A Junta pode procurar financiamento comunitário para levar avante projectos próprios?
Sim. Mas atenção à lei dos compromissos que está em vigor. Tenho no programa o seguinte: se tivermos verbas disponíveis, podemos encomendar, podemos fazer obra, disponibilizar apoios. Se não tivermos, temos que aguardar que venham a existir. Porque estes orçamentos que se faziam… era tudo empolado.

Então onde ir buscar o dinheiro?
Se a Casa do Povo vier a ser redimensionada e podermos fazer mais espectáculos, mais eventos, exposições. No mercado, se tivermos lá mais pessoas instaladas, são receitas que vêm, que dá para as obras, para a água e a luz, etc. Neste momento, a Casa do Povo é uma fonte de escoamento de dinheiro. Quem é que paga a luz da Casa do Povo e do mercado? É a Junta. Temos é que arranjar alternativas. Mas não se pode fazer promessas eleitorais. Primeiro tem de haver o dinheiro, depois faz-se.

De todos os problemas ambientais que há em Riachos, a questão dos maus cheiros é a que se sente mais. Qual é a sua proposta para esse problema?
O problema da poluição está a montante de Riachos. Enquanto não se acabar com as fontes poluidoras, não vale a pena fazer intervenções nas nossas valas. É gastar dinheiro. Nós queremos fazer um percurso pedestre ao longo das valas, mas enquanto aquilo estiver assim, não vale a pena. Era como o Parque das Merendas…
O mau cheiro, é assim: se eles estão legais, então tem que se alterar a lei. Tem que haver por parte da Junta uma tentativa de alertar as autoridades para ver o que está mal, para que se mude. Não vamos crucificar a fábrica do álcool, que é a pouca indústria que cá temos, sem ser a agricultura, porque eles estão a cumprir a lei.
Para a saúde pública, o pior são as valas. É uma vergonha.

Quase todo o orçamento da Junta é para pagar salários. A necessidade de um coveiro e a existência de uma funcionária que está sempre de baixa têm sido discutidos muitas vezes nas Assembleias de Freguesia.
Na questão da funcionária, sei que foi proposta a reforma por invalidez, mas a Junta Médica disse que ela estava apta para trabalhar. Garanto que vou tentar resolver isto legalmente. Se a senhora não é competente, tiveram muito tempo para resolver isso. Há muitas formas de actuar, mas se ela está legal, então não sei. Temos de estudar isto. 
A questão do coveiro, ele está a dois anos de se reformar. Depois, com o dinheiro que se paga a este senhor, pode-se entregar esse trabalho a uma empresa que faça esse trabalho. E assim [a Junta] não tem encargos sociais.
Com o outro funcionário é que se fez uma coisa engraçada. Contratou-se um indivíduo definitivamente para um trabalho eventual. Ao que consta, há trabalhos que ele não pode fazer, no cemitério, por exemplo, diz que não pode. Eu acho que as responsabilidades e os direitos dos trabalhadores do público devem ser os mesmos do privado.

As gerações mais recentes estão a abandonar Riachos. Não há mais oferta de emprego…
Uma das coisas do nosso programa é a formação na área da agricultura e artesanato. Penso que se podiam fazer algumas parcerias com algumas empresas para criar aqui pólos de desenvolvimento. A agricultura, por exemplo, agora está na moda. Há imensa gente a virar-se para a agricultura. Se conseguirmos fazer pólos de desenvolvimento na área da agricultura e do artesanato, se no mercado conseguirmos fazer umas barraquinhas giras e engraçadas, se esta gente nova, virada para o artesanato, tiver um sítio onde pode vender os seus produtos… Para a Junta também é bom porque pagam um aluguer. São cursos com saída para empregos.

Os espaços verdes: o que fazer agora que a Junta tem de pagar a água?
Ou se reactivam os protocolos com a Câmara ou só negociando com as Águas do Ribatejo (AR) outro preço. Agora, o PS faz um acordo com as AR e a primeira coisa que eles fazem é aumentar as taxas… então deixavam estar como estava. Comprometeram-se a fazer o saneamento básico na Costa Brava, fizeram? Não. Não há prazos para se cumprir? 
Não havendo uma maioria absoluta na assembleia de freguesia, já pensou com quem poderia haver melhor entendimento?
Eu não estava aqui se fosse para repetir o que aconteceu há quatro anos. Toda a minha vida, em tudo a que concorri, foi para ficar em primeiro. Mas se eu não tiver maioria absoluta, não sei se não deixo ser só nós a governar. E depois os outros partidos que votem como quiserem na Assembleia. Mas ainda não sei. Depende do partido que apresentar melhores propostas. À partida, nenhum dos partidos está fora de questão de eu fazer um acordo com eles.

Actualizado em ( Segunda, 16 Setembro 2013 12:51 )  
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