o riachense

Sexta,
26 de Abril de 2024
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Pereira Jorge: "Riachos corre o risco de se tornar um dormitório"

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“Nós não temos propostas, temos exigências a fazer. Vamos exigir às entidades competentes”
 
“Pelo menos nos próximos três mandatos, a Câmara vai estar hipotecada. Se não houver dinamização por parte das juntas de freguesia, se não houver formas de captar outros apoios, não podemos esperar grande coisa da Câmara”

Ferroviário de 52 anos, António Júlio Pereira Jorge habituou-se a dar muito do seu tempo ao associativismo, nomeadamente na associação de pais e noutros órgãos da escola Chora Barroso, e mais recentemente como dirigente do NAR. A CDU insistiu com ele para tentar recuperar a Junta.
 
 
Descreva em breves palavras os 20 anos dos executivos de António Rodrigues.
Foi um período de endividamento da Câmara. Um período em que realmente se fez obra, obras comparticipadas. Mas a Câmara está empenhada em 35 milhões. Nos próximos três mandatos não vai haver obra no concelho, muito menos nas freguesias. 
Agora até veio algum dinheiro do PAEL, mas a dívida não diminuiu, pelo contrário, até aumentou. Esse dinheiro não é dado, é emprestado. Obviamente, a Câmara vai ter de pagar juros desse dinheiro. Pelo menos nos próximos três mandatos, a Câmara vai estar hipotecada. Se não houver dinamização por parte das juntas de freguesia, se não houver formas de captar outros apoios, também não podemos esperar grande coisa da Câmara.

E em relação aos 12 anos de João Cardoso na freguesia de Riachos?
Sobre o primeiro mandato não temos grande coisa a apontar. Mas no segundo e terceiro consideramos que não houve obra, até pelo contrário, hoje a freguesia encontra-se num total desleixo, a todos os níveis. Portanto, pode-se considerar que houve uma má gestão nos oito últimos anos. Pode-se considerar que foi uma má aposta do eleitorado riachense.

A obra que foi feita…
Foi insuficiente, em relação aos anos que duraram esses dois mandatos podia-se ter feito muito mais, tendo em conta as obras que foram feitas no concelho, em comparação com o que foi feito em Riachos e nas restantes freguesias. Riachos, sendo a única vila do concelho, merecia muito mais.

Qual é o problema que considera prioritário resolver no concelho e em Riachos?
Não há um assunto prioritário, há muitos problemas que são prioritários. Prioridade é quase tudo. Por exemplo, o que eu considero prioridade é a limpeza e a arrumação. É como se fosse a arrumação de uma casa, Riachos tem que ser arrumado, tem que ser limpo. Todos os espaços da freguesia se encontram em péssimo estado. São as ruas, são as valetas, são as bermas, são os espaços verdes – que já não existem – são as sarjetas entupidas, os esgotos pluviais deficientes, sem escoamento, que provocam inundações. Tudo isso complica a qualidade de vida das pessoas. É necessário sensibilizar as pessoas para a limpeza e manutenção adequada de todos os espaços comuns.

De todos os problemas ambientais que há em Riachos, a questão dos maus cheiros é a que afecta mais directamente a população. Qual é a sua proposta para esse problema?
Estamos preocupados com a poluição em geral. Com a fábrica do álcool, com os maus cheiros que vêm da vala das Cordas, da ribeira da Boa-Água, do ribeiro que atravessa Riachos, o rio Almonda... Concretamente, não temos propostas, temos exigências. Vamos exigir às entidades competentes que responsabilizem os poluidores. 
A questão da ETAR é prioritária. A poluição da vala das Cordas vem da ETAR, onde os esgotos não são tratados. O cheiro às vezes também vem de lá.

As finanças da Junta estão pelas ruas da amargura. Não há perspectivas realistas das transferências do Estado ou da Câmara aumentarem, só diminuírem. Tem propostas para arranjar mais receitas?
Há propostas de trabalho, de realização de determinados eventos que permitam a captação de dinheiros para fazer face, pelo menos, às obras de pequeno vulto. E depois há os estímulos do Centro de Emprego, que não têm sido aproveitados por esta Junta. Os programas que existirem, nós vamos aproveitá-los, obviamente. Esses estímulos que não estão a ser aproveitados ficam a custo zero. A Junta não tem de despender um tostão para trazer um ou dois funcionários.

Quase todo o orçamento da Junta é para pagar salários. O tema dos funcionários tem sido discutido nas Assembleias de apresentação de contas da Junta…
Se formos eleitos, e estou convencido disso, obviamente que eles [os funcionários] vão ter que cumprir com as competências que lhe são atribuídas. A mais não os podemos obrigar. Sabemos que as relações entre eles não são as melhores. Se trabalhassem em equipa, talvez as coisas funcionassem melhor. A questão da funcionária é um berbicacho, porque custa 15 mil euros por ano à Junta de Freguesia, não é brincadeira nenhuma. A lei está do lado da funcionária, com certeza, porque se estivesse do lado da Junta, já teriam tomado uma posição.
Em relação ao coveiro, é necessário em Riachos. Agora, as funções dele terão de passar também por outros trabalhos. E se possível, terá de se ter uma conversa com ele, porque ele, no tempo da Junta do Fernando Dias, fazia trabalhos cá fora. Mas o Zé Carlos não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. É um homem, se calhar não se sabe é falar com ele. 
Temos de conversar com eles, porque essa é uma capacidade que a CDU tem: conversar com as pessoas. Seremos uma Junta aberta ao diálogo, não só com a população, mas também com os funcionários. Nos últimos tempos não souberam dialogar com as pessoas.

A Junta pode procurar financiamento comunitário para levar avante projectos próprios?
Obviamente que sim. Ter acesso a eles, tem com certeza. Nós como Junta iremos recorrer a todos os meios para alcançar os objectivos, que são o desenvolvimento da freguesia.

As gerações mais recentes estão a abandonar Riachos. Não há oferta de emprego…
É urgente criar condições em Riachos, tanto em termos de serviços, de comércio, de indústria… E Riachos foi um bocado menosprezado pela Câmara. A ZI podia empregar muita gente, criar muitos postos de trabalho. Foi pura e simplesmente abandonada, mas era um projecto que podia empregar muita gente.
Vamos trabalhar muito nesse sentido, porque Riachos corre o risco de se tornar um dormitório. Tem de se criar oportunidade de emprego porque Riachos é rico em muita coisa, principalmente em cultura e nas artes. No comércio e na indústria e em termos de emprego, Riachos tem ficado para trás, a marcar passo.

Os espaços verdes: o que fazer agora que a Junta tem de pagar a água?
Em relação ao Jardim da Vila, temos que responsabilizar a Câmara, que é a dona do jardim. O problema é da Câmara, nós queremos é o jardim reposto, exigimos a reconstrução do jardim. A zona da Sópovo, a Junta vai ter de arranjar meios para pagar a conta, assim como outros pequenos espaços. O mau aspecto destes espaços nada dignifica, não só Riachos, mas a freguesia toda, por exemplo os Casais Castelos, onde também está tudo seco.

O largo, o mercado, a Casa do Povo e a Casa da Cultura.
O Largo é prioritário reabilitar, é o centro da vila, o ponto de encontro dos riachenses. Existe um projecto na Câmara, que não digo que seja megalómano, mas penso que nós não precisamos de tanto. Precisamos do largo embelezado de forma a devolvê-lo às pessoas, com dignidade.
Eu tenho um projecto, por exemplo, para as casas de banho, a ideia é fazer ali uma pequena galeria de arte subterrânea. Pôr tudo amplo e fazer uma entrada em vidro para que não descaracterize o edifício da Caixa Agrícola. Os canteiros são para desaparecer e queremos criar ali um espaço para as colectividades poderem utilizar de forma a realizarem eventos para, por exemplo, angariação de fundos. Em Riachos existem espaços mas sem condições. 
O Jardim 25 de Abril, a Casa do Povo, o mercado são espaços que têm de ser recuperados para poderem receber as colectividades e associações.
No mercado, a ideia é estudar a compra e depois rentabilizá-lo, não só para aquilo para que está vocacionado, mas também para a realização de eventos artísticos e culturais.
Também consta do nosso programa a exigência da construção da Casa da Cultura. A promessa é da Câmara, e seja quem for que lá fique queremos a realização da promessa. A Casa do Povo terá de sofrer uma intervenção, uma adaptação, de forma a permitir a realização de certos eventos, certos espectáculos, que hoje em dia são lá realizados com certa dificuldade.

Num hipotético quadro de reordenamento da administração local, acha que seria melhor para Riachos mudar de concelho?
Nunca pensei nisso, mas acho que não seria benéfico. Considero que o Entroncamento é um mau vizinho, tendo em conta a estrada da subestação, por exemplo, continua deficiente, após anos e anos em mau estado. O Entroncamento não tem consideração pelas pessoas de Riachos, nunca se interessou em ser um bom vizinho, em ajudar Riachos. Foi construir um terminal intermodal com porta para o vizinho. A serventia do parque está virada para o quintal do vizinho, quando podia muito bem abrir uma estrada de ligação à zona industrial (ZI) do Entroncamento. A Rua das Padeiras é outra situação escandalosa, com a construção da ZI foram tapadas linhas de água que provocam inundações naquela rua.
Em relação à Golegã, é uma terra que não tem evoluído muito, não teríamos qualquer vantagem. Mudar de concelho não tem vantagens. Mal por mal, deixamo-nos onde estamos.

Foi o número dois da lista da CDU em 2009 e agora é o candidato a presidente da Junta. A sua candidatura já está programada há muito tempo?
Nunca foi um desejo meu, nunca foi uma ambição, nunca tive isso como objectivo. Já pertenço às listas há oito anos, sempre disse que tanto me faz estar em segundo como em último porque o que puder dar, dou. Se estivesse em último na lista este ano era igual, naquilo que eu puder dar, podem contar comigo. Tenho 16 horas disponíveis por dia, se me chamarem a meio da noite, levanto-me.
Foram muitos os apelos, não só da parte da coordenadora da CDU, como de riachenses que conhecem o meu trabalho. Não fui capaz de dizer que não. Andei algum tempo indeciso mas acabei por achar que é um trabalho necessário.
Eu não ando nestas lides de há dois meses para cá. Eu já acompanho estas coisas da política há muitos anos. Conheço todos os problemas da freguesia e quero resolvê-los nestes quatro anos.
Se for eleito presidente da Junta, terei mais oportunidade de fazer cultura, dinamizar as artes, puxar pelas pessoas, não só pelo NAR mas também pelas outras colectividades e associações e por todos os talentos ainda aí escondidos. Um dos nossos objectivos é desenvolver cada vez mais as artes e a cultura e promover as pessoas, que é isso que eu faço e tenho feito até aqui. O que faço no NAR é dedicar-me aos outros, deixei a minha própria actividade artística. O meu trabalho é promover o talento dos outros. É assim que eu me sinto bem.

Não havendo uma vitória absoluta de uma candidatura, a CDU já pensou com quem poderia ter melhor entendimento?
Obviamente, se não houver maioria absoluta vamos fazer acordo, independentemente de, há quatro anos, o PS não ter querido fazer acordo connosco. Seja o PS ou seja outra força qualquer, faremos acordo, mas não posso responder qual, porque não sabemos. No fim, logo se verá.

Actualizado em ( Segunda, 16 Setembro 2013 12:22 )  
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