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Fialho Ferro: "Se nos entendêssemos podíamos ser líderes"

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A Fialho Ferro é uma das empresas locais que faz produtos de publicidade, um sector que ganhou tradição em Torres Novas, com empresas conceituadas como a Filipe Faria, a Plaspeças, a Plasterm ou a Reclamo 2000, entre outras. Parte significativa da zona industrial da Serrada Grande foi ocupada por estas indústrias, que agora estão a passar por dificuldades, com uma crescente redução da actividade e dos postos de trabalho.

 

Há cinco anos havia em Torres Novas perto de 300 postos de trabalho no sector da publicidade. Vários trabalhadores provenientes da ARTA, empresa de referência que detinha uma grande fatia da produção nacional, encerrada em 1975, estabeleceram as suas próprias unidades industriais e vingaram nos últimos 30 anos. A Fialho Ferro tinha 32 funcionários há dois anos, agora tem apenas 17. Para manter a capacidade produtiva, a maior parte das dispensas vieram da parte administrativa. Saíram vários contratados a prazo e houve alguns com acordo de rescisão. A empresa de José Fialho Ferro tem dívidas, como todas hoje em dia, mas a postura, diz, é não lhes chamar dívidas, mas sim compromissos, porque “é para pagar tudo”.
Menos procura, redução nas vendas e a ruptura do fluxo de caixa. O discurso é comum a muitos empresários, em que o saldo entre o que se deve e o que é devido até é positivo. O gerente ouvido pel’o riachense diz que as empresas pequenas têm de ser cada vez mais selectivas para não arriscar andar a trabalhar para aquecer.
Há três anos conseguia fazer projecções, agora já não. Quando o horizonte não é brilhante, o optimismo obriga a que não se façam projecções, em favor da capacidade de resiliência. Fialho Ferro diz que, quando há crise, é naquilo a que agora chamam marketing que as empresas mais cortam. Mas, por outro lado, o conhecimento actual prova que quem está no comércio está proibido de reduzir a sua exposição para sobreviver. Por isso, clientes vão havendo. Mas mesmo assim, “antes eramos procurados, agora somos nós que procuramos” e o grau de exigência aumentou. O cliente agora faz exigências como “quero isto a tal data, se não quiseres vou já ali ao lado”, porque sabe que não se pode recusar a encomenda.
E claro, em altura de recessão, o pior de Portugal exacerba-se. Diz Fialho Ferro que “na cultura do comércio, Portugal é diferente do resto da Europa. Não somos comunitários. Se quisermos comprar material em Espanha, por exemplo, a primeira coisa que nos pedem é logo a transferência. O contrário não acontece. Temos clientes em França e Espanha e esses só pagam a 60 ou a 90 dias. E nós, ou aceitamos ou não”. Por isso diz que quem tem de comprar no estrangeiro é que sente a crise financeira. Cá só sentimos a económica.
A própria natureza desta actividade transformadora obriga à constante renovação do equipamento e a grandes investimentos, rentáveis apenas a longo prazo. Por isso a dispersão das empresas agora soa a desperdício. “É uma pena que as pessoas tenham um conceito de individualismo. Esta crise poderia dar-nos armas para, em conjunto, ficarmos mais fortes”, confessa Fialho Ferro. “Há em Torres Novas um know-how, um conhecimento, uma capacidade e equipamento que nos permitiriam tornar-nos líderes”. Cada uma das empresas torrejanas é especializada em determinados produtos, apesar da Fialho Ferro ser talvez a que mais coincide com outras, e de todas fazerem quase um pouco de tudo. Há a termomoldagem, os reclamos luminosos, a impressão digital para interiores e exteriores, os expositores, etc. “Em vez de andarmos todos ao mesmo cliente, deveríamos ter um sentimento de solidariedade… Até nos podíamos subcontratar para determinados serviços, não digo fazer um cartel mas uma coordenação. Mas era preciso que as pessoas se respeitassem”. A história das relações entre estes empresários é longa. O problema é que o contexto teria de ser todo revisto, e agora, cada um se preocupa em sobreviver, um dia de cada vez.

André Lopes

Actualizado em ( Quinta, 21 Fevereiro 2013 19:47 )  
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