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Os 55 anos de um Rancho aberto à comunidade

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Festa de aniversário de Os Camponeses durou uma semana
 

Se no ano passado, um dos pontos altos do aniversário do rancho foi uma sentida homenagem a Martinho de Oliveira, este ano as comemorações do 55.º aniversário começaram com uma homenagem a Joaquim Santana, promovida pelos componentes de Os Camponeses. O retrato desenhado por Sofia Cunha, a partir de uma fotografia tirada por Gabriela Santana ao “chefe”, durante a última Bênção do Gado, foi a lembrança escolhida para essa homenagem.
Este ano, o aniversário do rancho extravasou o mero evento comemorativo em formato de jantar. O ensaio aberto aos antigos componentes e à população em geral já não foi novidade, mas desta vez a “Semana Cultural” durou de segunda a sábado e foi basicamente uma festa durante toda a semana. Mais de 400 alunos das escolas de Riachos, desde o Jardim Infantil até à Chora Barroso, e também do CRIT, foram convidados a entrar no universo do rancho, através de visitas à sua sede, na Casa do Povo, e do convívio com os componentes do rancho. Antigos e actuais elementos responderam às perguntas e curiosidades dos pequenos, sobre os trajes e sobre as danças, com direito a pequenas demonstrações dançadas. Estas visitas acabaram por servir de ensaio à remodelação das salas do rancho, feita recentemente a custos próprios. As paredes foram recuperadas, o chão afagado e as prateleiras arrumadas, todo o espólio reunido e a vasta memorabilia do rancho, de mais de meio século, foram colocados em exposição, transformando a sede em objecto visitável pelo público, aberta todas as sextas-feiras à noite, sempre que o rancho ensaia. A Semana Cultural teve ainda dois ensaios abertos à população (o primeiro com a participação de quem quis e o segundo apenas para espectadores) e um concerto dos Cantares da Meia Via.
A festa acabou em grande, na noite de um sábado de temporal que não afectou a celebração. Casa cheia, numa noite em que o salão de Santa Maria era quase o único sítio com luz eléctrica em Riachos, graças aos geradores instalados. Além da homenagem ao “chefe”, foi ainda entregue uma lembrança aos componentes que atingiram trinta anos ou mais de folclore: Maria da Conceição Duarte Serra, José Luís Lemos, José Júlio Simões, Teresa Tomé de Oliveira, Ana Maria Simões, Joaquim Triguinho de Oliveira, Teresina Maria Conde, Carlinda de Jesus Ferrão, António José Santos, José Francisco Dias Ferreira, Leonel Poupino das Neves, Martinho Serra de Oliveira e Joaquim Santana.
Em termos de novidades, pôde ver-se três caras novas a bailar na festa de anos. Carolina Cunha e Mariana Luz são duas jovens que trajaram pela primeira vez. Já Fátima Soares não é propriamente uma novidade, mas antes um regresso. Depois de 20 anos fora das lides, Fátima Soares voltou este mês ao palco com o rancho.
Para acabar a festa, houve bailarico, animado por um conjunto musical popular, até altas horas, diz quem lá esteve.

Balanço
Em altura propícia a balanços, o rancho chegou ao fim de 2012 com uma actividade regular: ensaios todas as semanas, mas actuações pontuais. A redução drástica do número de espectáculos veio já no ano anterior quando, em comparação com 2010, houve uma quebra de 50% das actuações. A grande novidade da actividade actual do rancho, forçada pelas circunstâncias dos tempos que se vivem, é a organização dos eventos de angariação de fundos, designadamente o festival das sopas e a festa da água-pé, que têm sido feitos em colaboração com o Atlético, bem como o jantar de aniversário, eventos sem os quais as dificuldades financeiras seriam ainda maiores. Segundo Joaquim Santana, o rancho tem-se debatido com a falta de dinheiro desde o fim dos protocolos com a Câmara. Em relação ao dois anos que falta receber desses protocolos, o rancho espera receber esse dinheiro lá para Março, quando a Câmara receber os fundos do PAEL. A renovação dos trajes será um fim destinado para alguns desses fundos, revelou-nos Santana, que também aponta como essenciais para o equilíbrio das contas os donativos de privados que vão apoiando Os Camponeses.
 
Sempre o problema da liderança
Há muito tempo que o rancho se confronta com a questão da sucessão de Santana. O líder e fundador d’Os Camponeses, aos 78 anos, não renega a questão e confessa que “há dez, quinze anos que andamos a preparar pessoas para isso”. Dois elementos, em diferentes alturas, já estiveram muito perto de concretizar a passagem do testemunho, mas neste momento deixou de haver “candidatos”. O caso mais recente foi frustrado e deixou visível aquela que é a maior dificuldade para encontrar um novo “chefe”, para Santana: saber trabalhar em grupo. “Dançar bem é uma coisa, mas quando se quer ser dono, mandar nos outros, ter o grupo todo na mão… é preciso saber trabalhar em grupo”. E no trabalho de grupo é sempre preciso “ser um bocadinho ditador” e ao mesmo tempo bem aceite por todos, que foi o que não aconteceu na última tentativa de uma nova liderança para o rancho. Nas organizações, como nos ensaios, “é preciso haver quem diga: isto é assim que se faz e pronto. Mas é necessário respeito pelos outros”.
O problema é que Joaquim Santana abdicou muito ao longo dos 55 anos em que foi mentor do rancho, e não é fácil encontrar alguém com o mesmo nível de comprometimento, alguém que dê prioridade sobre tudo o resto. Há ranchos na região cujo “folclore sofre muito” com as constantes mudanças de direcção, que foi coisa que nunca aconteceu com Os Camponeses. Confunde-se a vida de Santana com a vida do rancho e, para o provar, há sempre várias histórias de sacrifício pessoal e familiar para exemplificar o nível da sua dedicação. Conseguirá o rancho, daqui para a frente, abdicar de ter um “chefe” como Joaquim Santana? E quando tiver mesmo de encontrar uma nova direcção? O próprio responde, num encolher de ombros: “o grupo é que decide”.


Actualizado em ( Quarta, 23 Janeiro 2013 21:36 )  
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