o riachense

Sexta,
19 de Abril de 2024
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Rancho em festa de aniversário celebra Martinho Oliveira

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Numa sala completamente esgotada e de voz embargada pela emoção, Joaquim Santana, o fundador e eterno animador do Rancho Folclórico de Riachos, deixou expressivas palavras de gratidão, na hora da despedida, a Martinho Serra Oliveira, companheiro de mais de meio século nas danças e andanças dos dançares e cantares de Riachos por todo o mundo.
“Este é o momento mais triste na história do Rancho” salientou Joaquim Santana referindo-se à saída do clarinetista de sempre e fundador consigo em 18 de Janeiro de 1958 de “Os Camponeses”.
Joaquim Santana (conhecido entre os elementos do Rancho por “chefe”) dirigiu quase toda a sua intervenção na noite comemorativa do 54º aniversário do Rancho para a importância do trabalho de Martinho Oliveira (Ginete de alcunha) salientando o seu carácter íntegro e repleto de amizade para todos os elementos que passaram pelo grupo. “O Martinho foi para mim como um irmão mais velho que sempre respeitei e ouvi com consideração e durante estes 54 anos de convívio e de amizade nunca houve entre nós qualquer discussão ou qualquer desentendimento por mais pequeno que fosse” assegurou Joaquim Santana visivelmente emocionado.
Com efeito, Martinho Ginete deixou nesse dia de tocar clarinete no Rancho de Riachos pois as forças dos seus 87 anos e também a placa, como salientou o seu companheiro, não lhe permitia soprar o instrumento de molde a fazer sair dele a música características de muitas danças consagradas pelas centenas de actuações um pouco por todo o mundo. No entanto, Joaquim Santana garantiu aos presentes que embora deixasse de tocar não deixava o Rancho pois mantinha-se como seu vice-presidente.
A saída de Martinho Oliveira do Rancho deixou surpreendidos e tristes muitos presentes que se habituaram a ouvir durante toda a vida a música saída daquele clarinete e a olhar com respeito para a sua maneira de ser discreta e bem-disposta. Aliás, pode-se dizer que sendo Joaquim Santana e o seu companheiro Martinho Oliveira os dois únicos fundadores do Rancho vivos e em actividade diária no mesmo, “Os Camponeses” já não serão os mesmos com a saída de um deles.
Oclarinetista era uma imagem mítica do Rancho, de gente do povo, autenticamente riachense, homem afável e de trato agradável, sempre com uma sua história de vida para contar, amigo de um copito, um companheiro mais velho de respeito, um verdadeiro “Camponês”. E com a sua saída o Rancho fica mais pobre, perde grande parte do seu corpo, grande parte da sua memória e da sua imagem de marca.
Martinho Oliveira agradeceu as palavras sentidas do seu amigo e pediu-lhe desculpa “por alguma palavra mal dada”.
Depois da homenagem comungada pelos 400 presentes que enchiam a sala e aplaudiram de pé o exemplo de dedicação a uma causa durante mais de meio século, seguiu-se a festa propriamente dita porque a noite era de comemoração e de alegria. E assim foi.
Como o espaço era apertado, graças à grande quantidade de amigos do Rancho que não quiseram faltar à chamada, os elementos do grupo dividiram-se por três locais e espalharam a dança e a arte folclórica por todo o Solar.
Foram várias e inebriantes as danças que os bailarinos soltaram pelo Solar com especial destaque para a beleza e o ritmo do “Fado do Ti Zé Luís” e para uma dança que foi uma novidade para muitos: o “Vira dos Casais Pinheiros”. “Trata-se de uma dança trazida pelos ranchos de barrões que vinham a Riachos para a apanha da azeitona e para outros serviços agrícolas provenientes da Beira Baixa e que traziam para cá as suas danças e cantares, a sua cultura e a sua arte”, explicou Joaquim Santana. Neste vira foi notória essa influência beirã designadamente no estilo e no ritmo da música e da dança. A nova dança teve como espectador atento o proprietário dos Casais Pinheiros que participou no jantar comemorativo.
O fandango, essa dança/desafio entre dois homens do campo, típica marca ribatejana, não podia faltar numa festa do Rancho. E aqui foi o ritual respeitado por dois jovens fandanguistas que mostraram qualidades e potencialidades suficientes para levarem a pensar que o Rancho já tem seguidores à altura de António Veríssimo, seguramente o maior fandanguista português de sempre. Bruno Bicho e José Rosa foram dignos seguidores do mestre e mostraram uma pequena parte do que são capazes. Com uma elegância evidente e uma graciosidade de gestos que salta à vista, Bruno Bicho rejubila de alegria na dança e o prazer de dançar alia-se à sua espontaneidade e liberdade com que encara o espectáculo. Ao invés de Veríssimo que dançava o fandango de rosto fechado, Bruno dança-o com a alegria visível no rosto. É um outro modo de viver a dança.
Depois seguiu-se uma sessão de fados em que pontuaram as vozes de João Chora (que também tocou viola), Célia Barroca e Teresa Tapadas. O acompanhamento esteve a cargo, na viola baixo, do histórico Joel Pina, nome maior na arte e que acompanhou Amália Rodrigues na sua actuação na Festa da Bênção do Gado de 1973, na guitarra portuguesa de José Luís Nobre Costa, outro vulto e de Bruno Mira.
A festa não terminou sem que se cantassem os parabéns ao Rancho na companhia de um bolo com a imagem do rosto de Martinho Oliveira acompanhado por um “café das velhas” e um baile entre os presentes como manda a tradição na dança popular. E o ambiente aqueceu ainda mais. Lá fora, a noite estava fria e caía a primeira chuvada do novo ano.  C.T.
Actualizado em ( Terça, 24 Janeiro 2012 00:27 )  
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